terça-feira, 1 de outubro de 2013

7 DIAS...
Arrastados como 7 horas,
Curtos como 7 segundos


Hoje acordei tendo de me preparar para sua missa de Sétimo Dia. Geralmente, as pessoas já começaram a se reerguer e, aí, recomeça tudo outra vez; mas no meu caso, não. Eu ainda não me recuperei o mínimo que seja. Já consigo chorar com menos frequência, mas a intensidade ainda é a mesma. Tanto que escrever só me parece não bastar. Desde a sua partida que meu sono se perturbou outra vez, e o Pé Jr. tá concorrendo com o coração, pra saber quem dói mais. Esqueci tanto da vida que minha planta, que ganhei dias antes, adivinhe só: já está enfeitando seu novo jardim... Ontem resolvi ler os últimos e-mails (e até torpedos) que trocamos, dias antes e dias depois de eu te visitar em Julho. Resolvi usar nesta semana todas as roupas que ganhei de você, dando prioridade, sem querer/sem planejar, às pretas e cinzas. Resolvi rever suas fotos, nossas fotos... Quis também relembrar com detalhes nossas duas últimas conversas, dia 7 e dia 13... Alivia saber que você não acabou, só recomeçou da melhor maneira. Que agora você não tem dores, nem limitações, ao contrário: sua força ganhou ainda mais poder. Daí, do outro lado da cachoeira, você vai poder fazer muito mais, e ainda melhor. E peço que cuide de nós, como vovó já vinha fazendo desde que foi para aí... Mas não dá pra negar que a falta massacra, que as lembranças mudam de tom. Quando me peguei pensando no tempo da nossa briga, percebi o quanto foi penoso. Achei, sinceramente, que você não gostasse mesmo de mim, que só me tolerava, mas que, ali, nem mais me tolerar precisaria. E isso me doía demais, só eu sabia o quanto. Eu nunca consegui odiar, desprezar, só conseguia me entristecer, simplesmente... Na teoria, sua partida não muda nada; mas na prática, muda tudo... Isso só me mostrou o quanto ainda tenho que amadurecer esse lado, o quanto preciso ainda aprender... Agradeço a Deus por ter te dado uma transição digna; até poética, eu diria. Agradeço por 99% de nós, família e amigos, termos te visto e recebido de você palavras lindas que só agora entendemos que eram de despedida. Você deixou muito de si, e também levou um tanto de cada um de nós. Hoje, é como viver com um pé aqui, outro aí, por isso incomoda demais no começo. Estou aprendendo a passear por este lado, e espero cada vez mais saber ir e vir sem me bagunçar tanto. Por enquanto, o jeito é ficar inteiramente aqui, me sentindo bamba. Daí, você e vovó que se divirtam, matem as saudades, coloquem o papo em dia, e depois passem os dias a "espiar" as nossas vidas e a cuidar de nós. De mim, façam uma perfeita marionete, que eu não vou, jamais, me importar... Obrigada por tudo que fez por aqui, beijos, e até nosso primeiro contato!
D. 

PS -  Em sua missa, Gabriela, filha da Gláucia, que conheci na sua casa, sentou no meu colo o tempo todo. Quando me vi, de repente estava sorrindo lembrando da sua gargalhada ao ouvir "essa velhinha mora aqui?"... O pranto de todos era inevitável, mas duas coisas mais eram também consensos: o conforto de saber que sua passagem foi a merecida; e também a sensação de "elo perdido". Você quem nos agregava. Agora estamos órfãos de "promoter". E ninguém, claro, quer assumir este papel... Falei pela primeira vez hoje com meu pai. Conseguimos ser serenos, ele está enfrentando melhor que se esperava, o que me deixou menos tensa, e dando razão à minha mãe, quando disse que eu estou pior que todo mundo... Lembramos também, eu e Cláudia, de dizer pra você nem pensar em voltar pro ex-namorado, ok?Deixe aquele "vcb" pra lá. Se é que ele está no mesmo Complexo Celestial que você, né? ... Beijos!

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