quinta-feira, 21 de novembro de 2019

"Mais disto, por favor!"
(O Poder da Gratidão)



COLÉGIO ESTADUAL MIGUEL LAMPERT - CANOAS/RS 07/11/2019

Quando decidi me mudar para o Rio Grande do Sul, nem eu imaginava o tamanho das Emoções que este estado tão vasto e rico me proporcionaria... E desde que me mudei, em setembro de 2018, que o Universo vem me presenteando em abundância, ao me provar e comprovar o poder da GRATIDÃO

"Agradecer" vem de fazer "a graça descer", então, quanto mais agradecemos, mais bênçãos o Universo despeja sobre nós. Já "reclamar" vem de "clamar outra vez", então, também é pedir ao Universo "mais disto, por favor!", só que, desta vez, estamos pedindo mais problemas... Assim, focando no que temos de bom, agradecendo, mais e mais coisas boas nos vêm. Focando no que há de ruim, e reclamando, mais e mais problemas chegam até nós. Uma matemática simples. O Universo não escolhe por nós, só nos dá o que pedimos, sem distinção. Há uma canção linda de Itamar Assumpção e Alice Ruiz (viúva do grande poeta Paulo Leminski), gravada por Zélia Duncan, que diz que "a Vida não está certa nem errada, aguarda apenas nossa decisão!". É isso aí, então, sejamos nós os responsáveis pela encomenda.

Eu decidi, sempre, encomendar POEMAS. É um produto que nunca dá defeito, e serve pra tudo. É remédio quando precisamos de um, é um guarda-chuva quando está uma tempestade ao redor, enfim, é um produto multifuncional. E de tanto encomendar Poemas para a Vida, ela generosamente foi me ensinando a fazê-los... Bem, "fazê-los" não é bem o termo mais certo, e sim, "vê-los". A Poesia está por aí, a gente não a faz, apenas reconhece. Alguns dizem não conseguir ver, então, as pessoas que conseguem, (d)escrevem para que todos possam ver também. Esses tradutores são chamados POETAS, e hoje, mais que nunca, me orgulho um tanto dessa função, pois o retorno não poderia ser mais maravilhoso.

Neste Rio Grande Gigante ("mais uma estrela brilhante na bandeira do Brasil", como diz a sábia canção de Teixeirinha, Querência Amada) há um projeto chamado Autor Presente, que consiste em levar os autores às escolas para contarem aos alunos um pouco mais sobre o que a obra já lhes deu. Mas enquanto a gente acha que vai até lá só pra "contribuir um pouquinho", a gente vê que quem ganha infinitamente mais somos nós mesmos.

Alunos de 1º ao 5º ano do Colégio Estadual Miguel Lampert, de Canoas, me fizeram cair os butiá do bolso ao me pegarem pelo laço com uma produção artístico-teatral, quase cinematográfica; além de uma dose cavalar de AMOR Puro e Simples. Recebi mais de 100 cartinhas, e até mesmo Poemas e Livros escritos por eles. E também recebi presentes, chocolates, lanches, beijos, abraços, afagos no rosto, sorrisos, palavras profundas. Distribui mais autógrafos do que celebridade de Hollywood em dia de Premier. E sei que eles nunca sentiram metade do que eu senti ali...
Logo na chegada, eu não ouvia um som, apenas era conduzida por esta ciclovia lindamente criada, inspirada em uma das obras, "A Moça da Bicicleta". Ali, as memórias mais profundas daquela estrada alaranjada de riscas amarelas começavam a vir à tona, e as lágrimas já pediam licença pra participar da festa. 
A segunda visão foi a dos desenhos e poemas d"O Reino dos Cata-Versos", idealizados pelos 4o e 5o anos. Foi como ver meu Mundo tomar Vida Própria e sair por aí, a passear; virando cartão-postal de si mesmo, chamando pra entrar nele todos que quisessem ir... Inclusive eu. E eu quis, é claro! E ali encontrei um novo Reino: de flores, duendes e fadas; cuja Poesia (lê-se: o idioma local) era a mais doce e leve que já pude conhecer. Ali, as lágrimas já não eram mais gotas, eram um rio caudaloso que me percorreu até os pés, fazendo-me um mar a ver navegar aquelas lindas CANOAS... Ali eu não apenas vi, ouvi ou senti Poemas: eu fui amada por eles!!! Eu cheguei ao máximo de onde um ser humano pode chegar. Eu certamente atingi o Nirvana...
E ainda houve entrevistas bacanas, houve apresentação ao vivo da Moça da Bicicleta "de verdade", na aparição especial da Raquel; houve sessão de fotos (até mesmo com minha mãe e irmã), lanche com a Família-Real do novo Reino, distribuição de autógrafos aos belos súditos; e os escritos mais inacreditáveis da Vida. 
Era, mesmo, de não crer no que meus olhos viam, isso porque eles jamais estiveram frente a belezas tão profundas como ali. Por isso, ele embaçava, se aguava, e algumas vezes parecia nem enxergar de tanta LUZ presente. Foi forte, foi intenso, foi algo que nada nem ninguém me preparou pra viver. A imaginação não antecipou, o olhar não alcançou, mas o Coração captou!!! E o lugar pra onde ele me levou ainda não possui Palavras... Quem sabe, um dia, este Reino resolva catar versos falados também, além dos coloridos e perfumados Silêncios; e, assim, eu, esta humilde tradutora de Poemas, consiga fazer vocês todos verem exatamente o que eu jamais irei me esquecer - porque quem sabe "de cor" sabe Pra Sempre. E quem vê "de cor" não apenas vê colorido, mas também vê infinitamente...

Deixo aqui registrado então algumas imagens, e deixo confessado aqui tantas emoções e sentimentos, mas quero em especial deixar registrada a minha GRATIDÃO, pois eu sei que posso pedir - e assim peço! - "MAIS DISTO, POR FAVOR!". 



   
Deixo também 2 links de textos antigos, que hoje entendo serem prenúncios da minha chegada a este Reino fantástico: 

POETA: Biógrafo dos Sentimentos
http://dudatriz.blogspot.com/2015/03/poeta-biografo-dos-sentimentos-eu-nao.html ; e

Entrevista com o POETA
http://dudatriz.blogspot.com/2015/06/nome-joao-se-este-e-minha-inspiracao.html 

segunda-feira, 29 de julho de 2019

~A Golondrina~
(Tânia Bondezan & Luciano Andrey)

Dizem que uma andorinha só não faz verão... Será!? 

Numa sexta-feira de inverno paulistano, uma andorinha mudou minha estação em segundos! Primeiro, embarquei na estação Saudade e saltei na Reencontro; e então, um frio ventoso se transformou num “VERÃO que o Amor vence o Ódio!", num espetáculo contundente.

A Golondrina levou minha mãe e eu ao teatro do MASP pra rever os amigos Tânia Bondezan e Odilon Wagner (a tradutora e atriz, e o produtor da peça). Se não bastasse isso, ainda fomos premiadas com texto, direção e atuações viscerais memoráveis.

O cerne da peça é a Dor, e como cada um lida com ela. Duas personagens de uma mesma tragédia em princípio disputam suas razões pra estarem um sofrendo mais que o outro, até que ao longo de um texto magistralmente costurado, entendem que uma Dor, independentemente de seu tamanho, se cura enxergando e dando as mãos à outra. E a linha condutora é uma canção que fala da Esperança ao narrar uma andorinha que volta ao lar...

Ramon chega ao lar de Amélia, uma professora de canto que perdeu seu filho durante um atentado terrorista. Ele precisa de seus dotes pra ajudá-lo a cantar "A Golondrina" na cerimonia de homenagem à mãe falecida há pouco tempo. Amélia cantava esta mesma canção para o filho, e faz-se aí um elo que vai ensiná-los o poder do Amor, da aceitação das diferenças, e sobretudo do Perdão pra se alcançar verdadeiramente a cura. 

Baseado em atentados homofóbicos recentes, a morte do personagem Dani expõe preconceitos, pontos de vista radicais, escolhas, culpas, julgamentos, e muitas razões pra sentir desesperança na Humanidade. Mas o voo da andorinha que só quer voltar ao lar enquanto traça no céu desenhos de plumas sabendo que há, sim, sempre uma canção no horizonte, leva Amélia e Ramon a unirem forças pra derrotar aqueles que tentaram matar suas almas ao matarem Dani e tantos outros mais. 

Empatia: eis o antídoto universal pra todo mal!

O desejo e a esperança de voltar pra casa após um duro voo é a base que sustenta e une todos nós, seres humanos, independentemente de crença, raça, ou opção sexual. Todos nós sobrevoamos tragédias - pessoais e coletivas - em meio a céus tempestuosos; buscando sempre um Porto Seguro onde pousar! Mas a grande mensagem é que nem sempre a dor mata, nem sempre a tempestade molha, nem sempre as nuvens cinzas são sinais do Fim, pois, a depender de com quem se voa, essa canção no horizonte sempre ecoa a nos encorajar e guiar.

A Golondrina não me proporcionou apenas um voo, ela me fez estar num Céu tão incrivelmente importante, que (quase) desejei jamais pousar...

Tânia, Odilon e Luciano, gratidão infinita por tamanha lição. 
Eu parti de novo, mas em breve esta andorinha aqui volta pra beijar vocês!!!


anDORinha

Era uma peça sobre a Dor...
A dor do parir
A dor do excluir
A dor do partir!

Era um museu de Artes...
Da arte de atuar,
Da arte de amar,
Da arte de se reencontrar!

Era o voo de uma andorinha
A mostrar à simples passarinha
Que sempre vale a pena
Esperar!!!