domingo, 10 de novembro de 2013


Perder esta produção é...

~Catarina Ashcar~

Quem acompanha meu diário virtual viu a crítica que fiz sobre a peça Ciranda, de Célia Regina Forte. Nela, minha amiga linda, e tremenda Atriz, Tania Bondezan (a Minha Xu) dividiu o palco com Daniela Galli, a quem generosamente me apresentou. Conheci então outra grande atriz, com um curriculum de respeito, e uma pessoa igualmente linda. Tania não podia mesmo estar mal acompanhada em cena. Precisava, e merecia alguém a sua altura. Por isso, Ciranda é um círculo perfeito (ê, momento saudade...)!!! 

A "Cirandinha" Dani foi então escalada para viver Catarina Ashcar em Pecado Mortal, novela de Carlos Lombardi, que estreou na Record. Lombardi é autor e colaborador de grandes sucessos na TV (como Bebê a Bordo, Quatro por Quatro, e Coração de Estudante), mas decidi acompanhar Pecado Mortal tão somente por causa dela, pois lá se vão pelo menos 3 encarnações desde que perdi totalmente a paciência pra novelas. Isso porque faz tempo que não se vê "capricho de Alma" nas produções. Meu negócio, mesmo, é a dupla Cinema-Teatro, e, quando muito, uma minissérie ou série de TV.  


Eis que em 25/9, o primeiro capítulo chegou a mim junto a outro capítulo real e triste da minha vida: minha tia foi pro céu. Com isso, a partir do capítulo 2, a novela passou a ter ainda a responsabilidade de me agradar, de me fazer rir, de me arrancar daquela tristeza... E não é que conseguiu?!... Me surpreendi completamente! "Capítulos sem a Dani serão capítulos mortos, tempo puramente perdido", eu achava; mas não! Ela é o destaque pra mim, é claro, mas me sinto inteiramente envolvida pela trama de ação/suspense, e suas cenas muito bem dirigidas por Alexandre Avancini; e ainda pelos "Sansões" e seus peitos másculos nus ou seminus - coisa, aliás, que nunca fez meu estilo! 



Num enredo que finalmente foge do arroz-com-feijão, tudo é tão bem amarrado que os núcleos paralelos chegam a ficar em pé de igualdade com o principal, a ponto de deixar a "promotagonista" (promotora Patrícia, protagonista da trama, interpretada por Simone Spoladore) até um pouco apagada. Tudo é bem distribuído. Ninguém está ali fazendo figuração. Texto redondinho, direção precisa e elenco estrelar (com raras exceções) estão afinados na mesma sintonia, regida por uma trilha sonora excelente; e composta por cenários e figurinos que também são uma atração a parte, a começar pelo terno azul de Michele, seguido pelo colorido na decoração da sala do apartamento de Carlão e Patrícia. 

Em plenos anos 70, num Rio de Janeiro dominado pelo jogo do bicho, temos uma guerra-fria entre duas famílias de contraventores, os Ashcar  e os Veneto, onde vez por outra saem faíscas - e que faíscas. Capangas e policiais corruptos, sendo um deles vendido para ambos os lados, comandam uma pancadaria e um bang-bang de primeira. À margem deles, dois caipiras desonestos tentam se dar bem, e suam a camisa pra enganar a tia corregedora. E pra não dizer que não falei das flores, as mulheres da trama são um capítulo à parte. Laura, enfermeira de dia e stripper de noite, é uma mulher forte que não teme os bicheiros que mandam no morro onde vive. Mas em se tratando de coragem, Stella é a campeã do quesito. Ressurgida das cinzas, ela volta para enfrentar sua algoz, Donana, mulher do bicheiro Michelle Veneto, que roubou seus dois filhos no passado e mandou seu irmão matá-la. E no centro disso tudo está uma promotora toda certinha que descobre estar casada há mais de uma década com o filho do bicheiro que está tentando encarcerar. É mole, ou quer mais? Eu quero, no mínimo, que continue assim. 

Mas voltemos ao motivo deste post: Daniela Galli e sua Catarina Ashcar. Uma mulher rejeitada por todos a sua volta, ridicularizada pela própria família, e pela do marido, de quem é saco-de-pancadas. Em número de cenas, Catarina tem menos aparições que tantos outros, mas quando está presente, falando ou calada, rouba a atenção para si com a face dramática de uma mulher completamente deslocada. Personagens assim são uma armadilha perfeita para se cair no caricato, e se fazer cara de "bulldog depois da vacina"; mas ela, não. A cada cena, Catarina passa por todo tipo de humilhação, reage (ainda que timidamente), mas permanece engolida por todos ao redor. E sua feição é de uma mulher que acabou de chegar a uma festa sem conhecer ninguém, é de uma mulher triste, e não de “coitadinha”, o que é bem diferente... A cena com Jussara Freire, quando Catarina confronta a sogra por armar pra que ela pegue o marido na cama com outra, foi um primor. Jussara é uma das maiores atrizes deste país, e Daniela só provou que está no mesmo patamar. O mesmo aconteceu quando Otávio (Felipe Cardoso), bêbado, mais uma vez a agride e a joga no meio da rua, sendo acolhida por Laura. E a mais recente das cenas marcantes veio quando Catarina flagrou a própria irmã, Doroteia (Paloma Duarte, outra grande atriz), na cama com Otávio e ainda foi humilhada por ela. Pena estas cenas que mencionei não estarem disponíveis em vídeo no site da Record, mas destaquei aqui algumas pra provar o que estou dizendo. Sim, porque quando eu digo que eu só gosto de coisa boa, ainda há quem duvide. 

Meu povo, “prestenção”: eu acordo às 5h, e a novela passa entre 22h30/23h30. O sono luta contra mim mais que Picasso contra Carlão. Já me vi dando tapas na cara pra ficar acordada até o fim do capítulo, e já cheguei ao nível de cochilar um pouco antes, pondo o despertador pra me acordar faltando uns 5 minutos pra começar. No capítulo da última sexta (8/11), valeu muito a pena o esquema. A sequência do bang-bang no hospital foi digna dos melhores filmes do gênero. Tenso, ágil, e em nada previsível. E por aí, pro meu deleite e de tantos, vem a decisão de Michele de usar Catarina Ashcar em sua vingança contra os turcos. Como será que vai ser?



PECADO MORTAL? Sinceramente, não sei qual. Essa novela não peca em nada, principalmente no elenco, principalmente no núcleo dos Ashcar, principalmente em Catarina: a grande!