sábado, 22 de maio de 2021

"Há no Silencio tão profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta" (Fernando Pessoa)


"Um dia, logo cedo, eu cedo e dialogo com você. Mas hoje, não! Tarde demais pra isso..."
(Maria Eduarda Novaes)

Há quem viva fugindo da raia. 
E há aqueles para quem a raia é uma fuga...

A nudez da mudez:
Aquele silêncio em pelo 
Num apelo que berra
Um calado alagado 
Que conserta tudo o 
Que no seco se erra 

Amanda está amando
Amanda está mudando
Amanda está mandando 
No próprio silêncio
Amanda comanda 
Até a direção dos 
Nossos silêncios...

Amanda na borda 
Sangra e vasa
Mas a água dilui
Amanda na raia 
É uma angra 
(Do Inglês "cove"): 
Cova rasa ou profunda 
Onde sempre se inunda e flui

Amanda mergulha em 
Amores e dores
Mergulha pra renascer e 
Entender que tudo se ouve 
Antes mesmo de se ver

Amanda ouve o que houve,
O que a fecunda, e
O que a fará ruir...

A vida começou submersa
E foi obrigada a emergir
E a emergência é justamente
Não ter onde se afogar...

Porque se afogar é afagar a Alma!!!

Quem nunca afogou as mágoas
Não sabe que as más águas só escoam
Quando as boas águas assumem seu lugar

E quando a Alma quer algo
A gente fica com água na boca
E toma uma atitude
Mas quando a Alma quer algo
E não pode, vira aquele alvoroço
E a gente fica com água até o pescoço
No mais claro sinal de incompletude...

Somos 70% água
Nosso cérebro é 
Constantemente molhado
Como meio de proteções 
Contra futuras lesões
E traumas (até do passado)

Ventrículos úmidos ocupam a mente oca
E nos fazem ventríloquos loucos
A falar tudo quase sem abrir a boca

Somos um sistema linfático, apático e empático
Sob luas e sóis, re-pousando 
Sobre lençóis freáticos...

A vida às vezes se agarra na borda
Mas é feita pra se nadar de braçada
Enquanto ela transborda...

Vida é pra suar,
Gozar, chorar e 
Ser 'a braçada'
Eliminando a resistência
(E "Emiliando" a resiliência!!!)

A Vida NADA
No extremo oposto
Da Ausência!!!

(Ps - quem perder essa obra, vai dar com os burros n´água! Eu tô avisando!!!)

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2019... Eu vivia, enfim, a realização de um sonho: estar no Festival de Cinema de Gramado. Um ano antes, o tema da minha festa de 40 anos, que marcava minha vinda definitiva para Canela, trazia esse grande evento como tema central.

Estar no tapete vermelho, ainda que não como atriz (feito sonhei por tantos anos), era mágico demais. E logo na chegada, já pude ter o prazer de encontrar a atriz Marcélia Cartaxo. Prenúncio de um período incrível? Sim, mas... Estranhamente, os dois filmes que mais queria ver foram justamente os únicos que não vi: RAIA 4 e PACARRETE (este, estrelado pela Marcélia).

Tive de esperar quase 2 anos para, literalmente, "mergulhar feito um cisne" nessas duas obras. Mas a espera valeu a pena.

Em Raia 4, o silencio é protagonista. Em Pacarrete, o silêncio invade (e define) a protagonista quando ela entende que seu mundo é só seu, e desprezado por todos! Silêncios que preenchem ausências, e fazem mais barulho que mil palavras, mil braçadas, ou mil bandas de forró tocando no meio da praça, bem na frente de casa. 

Embaixo d´água, ou enquanto vemos ou dançamos um balé, os ouvidos torcem o que ouvem, os olhos distorcem o que veem, e as esperas, sempre angustiantes, perdem a razão de ser!

Viva a Arte!!! E viva os Silêncios que só ela sabe fazer emergir...


sexta-feira, 21 de maio de 2021

~Suave na Nave-MÃE~
 

Dizem que em coração de Mãe, sempre cabe mais um! Mas cabe bem mais que um: cabem todos os papéis cruciais da Vida. Porque Mãe é Mãe mesmo quando não engravida...

Mãe é mãe de filho, de amigo, de amigo de filho, e de filho de amigo! É mãe do companheiro ou da companheira, de colega de trabalho, de morador de rua, de qualquer bichinho que passar na frente. É mãe de parente, de todo apaixonado carente (que vive no mundo da Lua), e de tudo quanto é criança sem dente, especialmente daquela que você berra dizendo que é tua! Porque Mãe é dar toda a atenção devida, mesmo onde não há dívida alguma.

Mãe é psicóloga de plantão, é médica cujo diploma se dispensa, é bruxa-taróloga que põe as cartas na mesa, e sempre tem alguma poção pra ficar tudo bem! Porque Mãe não tem “senão” nem “porém”. É algo muito além do que todo mundo pensa.

Mãe pode até ser tensa, às vezes hipertensa, mas ninguém é mais intensa, nem mais elástica. Seu limite serve apenas para ser ultrapassado. Porque Mãe é sempre imensa! É uma coisa fantástica!!!

Mas tem mãe que é meio possessiva, ora possessa, e às vezes, possuída. É uma loucura sem tabu que a tudo faz jus. Mas que quando fica brava, Jesus! Mete medo em Belzebu...

Mãe é uma doçura sem frescura, uma cultura sem censura, uma história de sempre achar que o filho não come, e lhe entupir de broa, senão ele some. Porque Mãe é a patroa e também a empregada, numa labuta sem fim. É aquela que tantas vezes se consome, mas se sente agraciada mesmo assim.

Mãe transforma tempestade em garoa, e escuridão em manhãzinha. É aquela que passa um sabão, mas que qualquer manhazinha, já perdoa. É aquela que mesmo no Sul é norte. É nosso meio de transporte. É um eterno porte de rainha, ainda mais quando coroa... Mãe é vida real até nos contos da carochinha, que a gente ouve tomando sua sopa de letrinha com batata baroa.

Mãe é o nosso bilhete da sorte, premiado antes mesmo do sorteio. É a nossa melhor escola, e com o melhor recreio. Nenhuma mãe diz que o filho é feio, e é um deleite saber que não é só leite que sai dos seus (an)seios.

Mãe é o nosso mundo, que adora dizer que a gente “não é todo mundo”. É a Mãe-Gaia, nossa firme Terra – ora plana, ora redonda – que não segura a onda e faz uma guerra quando a gente já vai pra gandaia (sobretudo com quem não é da nossa laia), e corta de vez a grana. É a leoa que não se doma, e que, se pudesse, nos manteria na redoma.

Mãe é um Universo que só sabe ser poema inteiro. É um Ecossistema todinho “Céu” (de brigadeiro). É uma carreira-Solo, cujo colo é um (a)Mar onde a gente flutua! É o tempo mais preciso, do qual eu mais preciso, por ser tão precioso. Porque não importa a Era, Mãe nunca erra! E quem nos dera ao lado dos seus, ser eterna; mas ao menos seu Amor, Deus perpetua transformando no remédio mais milagroso, que serve do joelho ralado ao coração partido... Porque só o Amor de Mãe atua em todas as direções, e em qualquer sentido.

Mãe é o nosso juízo (e nosso juiz), é o nosso indulto e salvo-conduto. O que ela diz é Lei, e até objeto de estudo. Só não sei dizer ainda se ela é a ciência exata mais humana ou a ciência humana mais exata. Mas tenho plena consciência de que ela é o cobertor mais felpudo e o almoço sempre pronto.

Mãe é Mãe, e ponto! Isso resume TUDO!!!