quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

~A POETA DA CASA VELHA DO CAMPO~ 
(A hora do Poema) 


Andar a esmo quando tudo 
já não é mais (d)o mesmo... 
 
 
Minha Alma menstruou há algumas Eras. Antes, tudo era imaturo. E na inegociável delicadeza da efemeridade, a Vida Toda decidiu durar só 1 segundo, quando, na ponta do espéculo, aquele Eterno-de-5-minutos acabou pela quarta vez só neste século, na esquina do "de-vez-em quando" (onde tudo é infinito, mas só por enquanto!). 


No tempo do Não-Tempo, eu ia cozendo e coçando, doendo e doando, plantando intimidades no quintal para colher os melhores sentimentos. Era uma rotina carregar os Sonhos nos braços, de fora pra dentro; e nas Poesias perdidas, me divertindo ao me reencontrar. 

No tempo do Não-Tempo, me agarrei a Ele. Joguei tudo pela janela, mas levei os cacos das vidraças, só pra garantir... E agora levo a minha voz, que vós amais por um dia a mais, mas não soubestes compreender. 
 
    

... E nunca mais houve um Hoje 
como aquele Ontem que viveremos! 

         
    
  

Mas agora é a hora do Poema!!! É a hora de desobedeSER... De sentir-se inteira ainda que aos pedaços. De tentar sempre, ainda que de um jeito prosaico. De saber que se o Coração se quebrar em cacos, a Alma renasce em mosaico, a pagar por tudo o que deveria apagar. 

Sou uma Poeta de peito nu, que significa ser, contraditoriamente, revestido de Palavras! Sou aquela que nada fez, pois os caminhos já estavam todos inventados. Aquela que nada desfez, pois os caminhos são todos "encantados". E em tantos deles, minha Sanidade vive de atestado, rodopiando ao bel prazer juvenil. Já em outros, é uma residente mordaz que cospe fogo na falta de mel a lhe dizer desde que você partiu... 

Você demorou tão depressa!!! Enquanto isso, números foram redefinidos quando eu contava os meus infinitos. E sob um encontro estelar, este lar nunca mais soube ser igual, pois a cidade toda virou uma só gota comparada à minha sede louca de Amor-pra-Dar (e receber em dobro no final). 
                                     
 

Meu corpo era um espaço vazio!!! Até que você deu o seu toque, e ele voltou a ser meu... E o traumatismo sinestésico, oriundo do choque entre os nossos vazios, me fez sentir o cheiro do café e até provar do bolo que jamais assaria só de ler o seu simples bilhete póstumo de “tenha um bom dia!”. Foi quando comecei a sonhar com você do despertar até o dormir... 

Você é a viagem saudosista que eu fiz, e da qual nunca retornei. Você me fez caminhar até o Inverno enquanto o Destino arregaçava as mangas pondo as marras de fora a rugir, para enfim eu ouvir os ecos da minha Alma a me perguntar que alegria eu alegaria ao entender que fazer poesia é saber onde se deita, mas jamais onde se vai levantar!?... 

Porque Poeta é uma leve âncora dotada de um pesado par de asas! Vai perto e vai longe, vai fundo em pedras rasas, e vai onde não quiser mais (re)parar... Poeta é capaz de em nuvens se enraizAR. 

                             
...E o Horizonte que deixei pra trás está radiante em meu espelho!!! 

Aqui é um mundo sem nada, numa Eu sem ninguém. 
É onde tudo que tenho é este Poema! 
É onde nunca espero nada além do próximo Poema! 
Pois quando tudo o mais morrer, ficará o Poema... 


(Agradecimento especial à minha Sis Lafets pelas fotos e também por versos todos seus!)