sábado, 31 de maio de 2014

~E FOI UM PECADO IMPECÁVEL~


Quem foi que disse que paradoxos não existem de fato!? Pois bem, acaba de chegar ao fim uma das novelas que, definitivamente, merecem entrar para o hall das melhores já feitas, e cuja relação título-enredo prova uma grande contradição: PECADO MORTAL foi um SANTO FOLHETIM. 

Quem acompanha meu blog sabe que não é a primeira vez que uso minha casa virtual para falar da história de Carlos Lombardi. Concretizada por Alexandre Avancini em perseguições e tiroteios alucinantes, este Pecado conseguiu ser um Santo Remédio contra o tédio, um alento aos amantes do gênero que já estavam para cortar os pulsos graças a quase uma década de overdose de clichês, furos grosseiros de continuidade, desleixo na escalação e preparação de elenco, e direções que mais pareciam "acidentes de percurso". 

Desde o primeiro capítulo, ela já dizia a que veio; e foi até o último numa crescente impressionante. Uma guerra inicialmente fria entre duas famílias de bicheiros virou um campo de guerra digno dos videogames mais viciantes quando um tira sujo, vendido para os dois lados, resolveu que queria ganhar ainda mais. Aliando-se à matriarca dos Vêneto, Picasso arrancou da toca Marco Antônio, o homem prometido para ser o Rei do Rio, mas que havia fugido desta sina quando ainda adolescente, trocado de nome, virado hippie, e, pior: se casado com a promotora mais caxias do mundo. Só isso já dava pano pra manga, mas deu pano pra tanta fantasia que dava pra vestir uma escola de samba. Mas ainda foi pouco!

Com destaque especial para Carla Cabral (Laura), Felipe Cardoso (Otávio), Denise del Vecchio (Das Dores), Ricardo Vandré (Vegetal), Renato Livera (Monet) e Daniel Del Sarto (Anjo), cujos talentos catapultaram seus personagens muito além de seus espaços naturais; posso dizer que voltei a lamentar não ter feito parte direta de uma grande história, de não tê-la vivido mais por dentro, como profissional. Posso dizer que voltei a rir, a chorar, a me indignar, e a esperar o capítulo seguinte, como há tanto tempo eu não fazia. Voltei a sentir o que eu já pensava ter esquecido: orgulho do veículo. Uma catarse tão bacana que eu quis ser bicheira, dançarina, enfermeira, corregedora, professora, tudo ao mesmo tempo. Porque uma boa novela não faz de você apenas um espectador, ela te leva para dentro da trama. Você adota as famílias, se apaixona pelos galãs, odeia os vilões, e pensa até em dar nomes a seus filhos em homenagem aos heróis.

Um trabalho em equipe tão harmonioso e integrado, liderado por excelentes profissionais - cada um em seu ramo - que as fotos de bastidores que sempre circulavam pelo site não mostravam outra coisa senão o sucesso, a satisfação pelo que se estava realizando. Zélia Duncan tem uma canção que diz que "a alegria do pecado às vezes toma conta de mim, e é tão bom não se divina!". Trilha sonora perfeita. Foi um Pecado alegre, e que acabou, acidentalmente, a tornando divina!  


Por mim, Otávio não morreria, se casaria com Laura. E nem muito menos Catarina, a quem devo toda a gratidão do mundo. Se não fosse por Daniela Galli, esse presente que a vida me deu, eu não teria visto sequer a primeira cena. Foi por causa dela que eu decidi acompanhar a história, para prestigiar sua carreira, pois eu estava encantada ao vê-la "cirandar" no teatro, e queria continuar na "vibe" do seu rastro. E olha só aonde ele foi me levar...  

Chorei com suas mortes, mas porque antes muito já havia chorado com seus dramas, alegrias, piadas, e transformações. E as duas últimas semanas trouxeram tanto flashback - com coisas que cheguei a perder quando passou - que temi ser tragada pela saudade antecipada.

Mas graças ao YouTube, este Antro do Pecado, fica à minha disposição mais um curso completo e de excelência na arte de roteirizar, dirigir e interpretar. E nesse tipo de escola, a melhor parte, sem dúvida, é "repetir de ano" quantas vezes quiser. Segunda-feira, para mim, será do primeiro capítulo. E mesmo sabendo onde vou rir e onde vou chorar, sem surpresas, a sensação de que as famílias e os amigos continuam presentes ali, na rotina, é o que basta! Porque Pecado bom é aquele cuja penitência nos faz falta...

Maria Eduarda Novaes

quinta-feira, 29 de maio de 2014

(O Nascimento Oficial do Projeto DUDADOULA 2014/2015)

Colocar um filho no Mundo usando todos os recursos que a Natureza te deu - e tão somente estes - é empoderar-se da Vida. É estar tão perto de Deus e tão apoderada de Sua Força Criadora, que chega a se confundir com Eles, não se vendo mais como apenas um instrumento para tal... Porque Parir não é uma força que se faz, é a força que se sente! É a Força Motriz do Universo te usando como portal... Canal de Parto não tem este nome à toa. É por onde a Vida passa, é de onde ela parte, começando e recomeçando no exato instante. O Parto é o início de no mínimo duas novas vidas. É o concretizar de tudo o que antes era puramente abstrato. O Amor ganha rosto, corpo, cheiro e sons. A Felicidade fica visível, tangível, e nunca, nunca mais será impossível!!!

Se parir não fosse tão natural, e necessário, receberíamos nossos filhos direto do bico das cegonhas - e estas, aliás, de quem receberiam os seus? Ah, lembrei: do repolho!!! Se os meses passados no ventre não servissem para formar um ser e reformar o outro para recebê-lo, para que haveria de servir, então? 

Parir é poder, então, deve-se poder parir. À mulher alguma deveria ser negado o direito de ter seus filhos da forma que ela quiser. Mas graças a uma perigosa inversão de valores - que pensa que também inverteu os Poderes! - a maior de todas as Leis precisou apelar a uma tão inferior a ela para garantir que será respeitada. Chegamos a um ponto em que cesarianas estão quase obrigatórias, extrapolando os limites da estatística, encaradas como o modo mais natural de nascer. Comum, infelizmente, até pode ser; mas natural, não. Natural ela jamais será. 

Eu teria mil coisas a falar aqui a favor do parto mesmo sem nunca ter parido, porque só de estar ao lado espectando o momento, posso dizer que vivi isso, e intensamente. É como estar antes num quarto escuro com um grupo de pessoas, e de repente alguém ascende uma luz; e então não apenas quem a proporcionou é iluminado, mas todos os que estão ali! É simples assim!

Já nem sei mais quantos partos acompanhei como espectadora, mas sei que foram os dois últimos que me fizeram decidir que vou me tornar uma doula, e defender a Natureza de interferências "desnecesáreas", proteger e apoiar aquelas mulheres que querem ser naturais. Quero não mais ver, mas atuar como guardiã deste portal, para que ele se abra apenas quando lhe for chegada a hora.

Mulheres que hoje optam pelo Parto Humanizado estão sendo duramente discriminadas e até ofendidas. São chamadas de "ignorantes" e "irresponsáveis", para dizer o mínimo. E só de ser preciso nomear o parto de "Humanizado" já mostra que há muito não se vê mais esse momento como a forma humana de se nascer, e sim quase uma sentença de morte materno-fetal. 

Aliás, nascer é hoje, para tantos, apenas mais um evento social, feito uma formatura ou um casamento, cercado de luxos e rituais prévios, onde se há dia e hora marcados, e uma preparação que leva em consideração até mesmo os signos do zodíaco para definir o momento, menos a própria Natureza. Chegar ao nascimento de forma abrupta sem ter passado minimamente pelo trabalho de parto é causar uma hecatombe, um cataclismo nos corpos de Mãe e Filho. Mas, no fim, parece ficar tudo bem para ambos; e até se distribui às visitas a nova moda mundial, o irmão gêmeo do bem-casado: o bem-nascido... "Bem-nascido" quem??? Aquele bebê que foi arrancado do útero pontualmente às 16h de uma quarta-feira para seu melhor conforto, e comodidade da equipe de Cegonhas e Repolhos; e mal viu seu rosto, sequer foi para o seu colo quente, nem muito menos mamou no seu peito??? Aquele bebê que foi esfregado por um lençol diversas vezes, ao mesmo tempo que tinha o nariz e a boca invadido por cateteres de sucção; e isso porque alguém lá atrás, com o avanço da medicina, te convenceu que era o melhor para vocês dois??? 

Sinceramente, não é da minha alçada mandar na vida de ninguém. A ordem aqui é o seu desejo. Então, se ter seu filho por cesariana for o seu desejo real (lê-se: sem influência de terrorismos médicos, ou relatos de experiências apocalípticas alheias), vá em frente, e não enfrente um parto normal! É direito seu, igual é o direito das que querem parir seus filhos e apará-los, trazendo-os ao colo, e amamentá-los imediatamente, em um ambiente agradável e acolhedor a ambos. Ninguém é obrigada a parir, e nem deve ser também "desobrigada" a tal, como tantas que são fortemente influenciadas, quase coagidas a pular esta etapa. 

Quer fazer uma cesárea, faça, mas vai um conselho de amiga: ao menos viva o trabalho de parto. Deixe seu organismo começar a festa, acionando os hormônios como anfitriões (os hostermônios) a organizarem a casa para o grand finale. Se a dor te for absurda, não se acanhe, aproveite o avanço da medicina e use o recurso da analgesia; que tantas vezes basta isso para te encher de coragem para conduzir o resto sozinha. E lembre-se sempre: o parto é seu, de mais ninguém. Quem comanda tudo é você, é o seu cérebro. Se você se programar para temer a coisa, provavelmente vai sucumbir a ela. Mas se você se programar para vencer, para se sincronizar e se harmonizar com o bebê, acredite: não há quem possa chegar perto de ser os verdadeiros protagonistas do momento senão vocês.

Vamos parir, mulherada, coragem! Fomos feitas para isso, e com exclusividade! Não há poder maior que este, e nem sorte mais fada-madrinha!

Maria Eduarda Novaes

quarta-feira, 14 de maio de 2014

~A MOÇA DA BICICLETA~

(numa manhã fria de março)


Todos os dias úteis, de segunda a sexta, vou caminhando da rodoviária central de Brasília até o começo da L2 Norte, onde trabalho. Isso dá aproximadamente 1,5km. São mais de mil metros de pensamentos geradores de poemas. E poesias nascidas ao ar livre - com sons, perfumes e vistas privilegiadas - são sempre melhores. Meus últimos 300 metros são ao largo da ciclovia. Neste horário, o número de ciclistas não é nada intenso. Tanto não é que, apesar de estar a pé sobre um calçamento especial, não dá pra me sentir um obstáculo, ou uma intrusa no ninho; sinto-me, sim, como a Dorothy, passeando sob a mágica estrada de concreto alaranjado e listras amarelas, e cuja viagem astral só sofria uma pausa quando ultrapassada pela Moça da Bicicleta! 

Observei que sempre e somente ela, portando uma mochila verde, ou às vezes vermelha, cruzava o meu caminho. Era uma sincronia perfeita. Quase dava para acertar o relógio baseado nos encontros (7h05-7h10). E meus pensamentos, que já estavam embalados, pegavam essa carona e me deixavam só, por alguns metros e segundos, até a Moça da Bicicleta Diferente e da Mochila Delicada sumir do meu raio de visão. Aí, meus pensamentos voltavam me trazendo tanta energia nova que eu me perguntava "quem é ela?", "como se chama?", "de onde vem, e onde trabalha?", "quais sonhos ela carrega em sua mochila verde? Seriam os mesmos da mochila vermelha? E seriam parecidos com os que trago em minha mochila marrom?", "ela também carrega livros? Lanches? Chupetas e fraldas???". E como eu não sabia as respostas, fui dividindo com ela o que eu trazia em minhas mochilas - a marrom, e a "cinzenta"; e, de quebra, ia nos acrescentando pacotes de fantasias. 

A Moça da Bicicleta e a Moça da Mochila Marrom, ainda que sem saber, tinham se tornado amigas... Dois aros, tantos elos: faz-se amigos em uma "ciclovida"! Porque fazer amigos é o sentido da vida! 

Os dias foram passando, e eu me acostumando a esperar a hora e a vez de ser ultrapassada por ela, e ter meus pensamentos (tão cuidadosamente fabricados) temporariamente surrupiados; e ansiosamente aguardá-los voltar e descobrir quais coisas ele deixou, e quais coisas ele trouxe da mochila dela. Era um intercâmbio silencioso. E saber que ela nem desconfiava da nossa história, me divertia muito. Tanto que quando ela não passava, eu sentia falta; e só assim mesmo para eu reparar que, sim, havia no mundo outros moços e moças de bicicleta, mas, talvez por eles não carregarem mochilas, e nem terem uma bicicleta diferente como a dela, eles não me interessavam em quase nada!

Até que um dia, eu e a Moça da Bicicleta ficamos lado a lado por alguns segundos, esperando os carros passarem para atravessarmos a rua. Inédito isso. Vesti uma cara de deslumbrada, e tive a grande chance de conversar com ela. E ali eu percebi que nem nas minhas fantasias eu tinha dado um nome a ela, definido onde ela trabalhava, quantos anos tinha, nada! Eu só ousava desenhar o Mundo das nossas mochilas. Eram os livros que eu tirava da dela (ah, sim, "A Menina que Roubava Livros" foi inspirado em mim!), os que eu presenteava, os papéis de carta perfumados com desejos de Paz, retratos de família autocolantes, as abelhas-balinhas, borboletas-bombons, bigodes de pelúcia, e tudo o mais que só existe mesmo dentro da minha mochila cinzenta. Achei que se falasse com ela, essa fantasia poderia se quebrar. É difícil manter um conto-de-fadas quando há muito seu corpo já saiu da infância, então, sentia que tinha um tesouro a ser preservado. Apenas nos entreolhamos, sorri pra ela, ela sorriu de volta, e seguiu levando na mochila mais presentes que eu lhe dei ali mesmo, no exato momento. E fiz a gentileza, em agradecimento pelo sorriso, de não roubar nada desta vez...

Quando cheguei ao trabalho, conversei com meu parceiro de labuta, que tanto curte meus escritos, sobre a fábula "A Moça da Bicicleta e A Moça da Mochila Marrom", e ele me disse que eu deveria escrever sobre isso. Vontade nunca me faltou, então, naquele instante, fui transformando tudo em palavras. Tentando, na verdade, pois ora me nasciam poemas, ora ensaiava um livreto infantil, daí eu pensava num conto, mas queria que fosse o enredo do meu primeiro curta-metragem, e por fim vi surgir uma crônica que seria o novo papel de parede da minha casa virtual... AAAIIIIII... Ainda bem que o trabalho me engoliu, e me desfiz momentaneamente da "obrigação" de transcrever toda a história. 

E tudo teria seguido o mesmo rumo rotineiro se não fosse o dia em que o despertador me fez atrasar dez minutos. Quando cheguei à minha estação de metrô, quem eu vejo entrando nela?! A pergunta "de onde ela vem?" estava sendo respondida. Éramos não apenas vizinhas de trabalho, mas de casa também. Ignorei o medo de o encanto da brincadeira se acabar, e decidi falar com ela. "Quer ajuda?", perguntei ao ver que ela parou por alguns segundos com a bicicleta diante da escada. Sorrindo, disse "obrigada, não se preocupe, ele me ajuda!" se referindo ao filho, um rapagão bonito, e uniformizado. "A gente costuma se cruzar na ciclovia perto do início da L2, eu trabalho na ***, ali pertinho!", comecei assim, e rápido, antes que a timidez me bloqueasse por completo. Ela reconheceu o fato, sorriu com vontade, e eu acabei dando a ela um papelzinho com meu e-mail e o endereço do blog, dizendo "em dois dias, passa lá! Estou preparando uma crônica chamada A Moça da Bicicleta". 

E assim, da nossa estação à estação final, conheci RAQUEL e seu filho. Ela me disse que trabalha no prédio vizinho, e se espantou em saber que eu fazia o percurso todo a pé. Nos despedimos na saída da estação, e mesmo sabendo que não nos veríamos no caminho de concreto alaranjado de listras amarelas, sabia que não havíamos perdido o dia-de-trocas. Ao contrário.

Cheguei ao trabalho empolgada com o encontro, e mal havia contado ao meu parceiro quando recebo uma ligação. Era Maria da Paz, minha colega e amiga, me dizendo "Duda, que legal, acabo de saber que você conheceu minha filha e meu neto!". Ali estava a razão do sorriso mais forte quando eu disse onde eu trabalhava. Ela só não me revelou isso. Sem sequer imaginar, eu estava construindo uma história justo com a filha de uma amiga por quem tenho muito carinho; e ela pareceu perceber essa atmosfera de mistério, e entrou na onda. Por eu ser péssima fisionomista, não reconheci o Bernard, quem já tinha visto em fotos de uma viagem dele e da avó à Finlândia, lugar que eu disse à Maria que sonho conhecer (pois tenho uma ligação profunda), e pedi que ela e Lauro, nosso amigo, fossem junto. "Vou ter de ir à Finlândia de novo?!", ela disse às gargalhadas. O sorriso de Raquel se parece muito com o da mãe. 

Meu sobrenome é Guerra, e Maria é da Paz. Quando nos conhecemos na empresa, eu disse "sou Guerra, mas sou da Paz". E ela disse "comigo é justamente o contrário, sou da Paz, mas sou uma fera". Rimos bastante. Daí vi que seu sobrenome é Drummond, e falei "mas você tem sobrenome de poeta, tem que ter a Alma Zen". Foi quando ela me revelou não ser à toa: ela é sobrinha-neta de Carlos Drummond de Andrade... Choqueeeeeei!!!... Eu estava diante de uma legítima descendente de poeta. Era fascinante. Era viver na realidade uma ficção tão perfeita que eu nem ousei fabricar.

Eu sou poeta. A Moça da Bicicleta é descendente de um poeta, e filha de uma amiga que, antes mesmo de saber que era uma Drummond, eu já havia aprendido a gostar. Que nada é por acaso, isso há muito eu já sabia, mas há certas conexões que ainda conseguem me surpreender. Com certeza, a partir de amanhã, quando Raquel passar por mim, alguns silêncios serão quebrados. Vamos acenar, nos dizer "olá!", possivelmente dizer nossos nomes, mas como ela vai continuar me ultrapassando e chegando antes de mim, as fantasias vão seguir a passear por alguns metros, fazer algumas trocas, e voltar pra mim, trazendo sempre uma nova página. Vou continuar desejando a Paz a quem já a tem desde o ventre, não importa, pois Paz e Poesia nunca são demais.

O poetinha Vinicius de Moraes disse que "a Vida, amigo, é a Arte do Encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", e eu sigo dizendo que "se a Vida não é a mais pura e imensurável Poesia Concreta, eu sinceramente não sei, e sequer imagino o que ela possa ser".

Maria Eduarda Novaes

domingo, 4 de maio de 2014

Quando o Amor adormece, 
E parece morrer...
***

"Que coisa pode ser feita que não seja pura perda?", perguntou certa vez o poeta curitibano Paulo Leminski - o mesmo que disse que "as coisas não começam com um conto, nem terminam com um ponto". Pois bem, AMOR é a resposta. Acredito que tudo que se faz por Amor não se perde, nem se finda. O Amor no máximo adormece, às vezes profundamente; mas depois desperta, e passa feito furacão, e aí, então, se esconde e nos testa, até que nos acerta no meio da testa, nos derrubando ao chão. É destrutivo, sim, bastante. A gente tem certeza que se quebrou, e não tem mais conserto. Mas o Amor não acaba, não, nem por um instante! 

Devo admitir: sou uma pessoa que sofre quando uma peça sai de cartaz, quando um livro acaba, e quando um Amor adormece porque a paixão acalma! E sou uma pessoa feliz quando a felicidade chega - e só torço para que ela não perceba meu imediato sentimento de posse, nem muito menos meu medo de perdê-la. 

Por isso, eu aconchego todo mundo, mesmo sem bem conhecer; e foi exatamente isso que eu fiz com você: eu te aconcheguei! Mas só depois qu´eu percebi que apenas te imitei... Eu estava lá, quieta em meu canto, e você se aproximou e me mostrou todo seu encanto. Você quem me ensinou o que é o encanto. E agora, tudo que me arranca é um pranto, por quê??? O que você faz comigo não é justo, não é direito. Eu entendo seu medo, aceito seu tempo, mas não posso mais seguir desse jeito: me sentindo aos pedaços, e, por isso, só me doando em pedaços; porque eu não sei me entregar à prestação, ou por tabelas. Agora é que são elas! Amizade em sono profundo, Amor em coma, acabou-se os comes e bebes... É tua fera quem te doma, e só tu que não percebes!


Se hoje não caibo mais em ti, ou se esta é tua simples escolha e decisão, só peço que não me desprezes, nem me (mal)trates como se eu fosse um engano, ou uma terrível maldição...


~Resumo Poético da Ópera~