terça-feira, 5 de junho de 2012

CAIXA DE PANDORA ÀS AVESSAS

Pandora um dia abriu sua caixa, apesar de todos os alertas contrários, e o desastre só não foi maior porque ela conseguiu reter a Esperança. Mas quem é Pandora? E que caixa era essa? Por que não poderia ser aberta? E será mesmo que só a Esperança ficou retida ali? ... O Questionamento e a Resposta são os pais do Conhecimento, e o Mistério nada mais é que seu período de gestação... Pandora, na mitologia grega, foi a primeira mulher criada por Zeus com o intuito de castigar os homens pelo roubo do segredo do fogo, um poder do Olimpo. Vários Deuses, então, lhe deram inúmeros presentes, como Beleza, Poder de Sedução e Dissimulação, Talento Musical, e a Arte da Colheita. E sua caixa nada mais era que um vaso que continha todos os males do mundo, e apenas um dom: a Esperança. Por isso, Zeus a proibiu de abrí-la, ou a humanidade se afligiria enfim de todos os males. Mas, por ser humana, e ter recebido as características propositais, Pandora deixou-se levar pela curiosidade e a abriu, mas conseguiu reter a Esperança, o único auxílio dos mortais para enfrentar tantas atribulações (qualquer semelhança com Eva e a maçã mordida e, como resultado, a famigerada dor do parto não deve ser mera coincidência)... É o que me encoraja a concluir que Pandora sou eu, é você, é cada um(a) de nós. E a caixa que possuímos chama-se Alma, onde se guardam as fórmulas de todos os males, bem como de todos os bens. E uma vez exposta, seja por vontade ou violação, faz escapar a essência e aprisionar tudo o que nos for dado em troca... Pandora não reteve apenas a Esperança, mas aprisionou-se junto pelo arrependimento. E confinada no escuro, se desesperou, se debateu, e fez buracos na caixa por onde não conseguia escapar, abrindo caminho para a volta do Medo, da Mágoa, da Frustração, da Raiva; e por onde poderia ter saído a Esperança, mas esta decidiu ficar porque simplesmente se afeiçoou a Pandora, para sua sorte... Mas nossa Alma funciona como uma caixa de Pandora às avessas. Ela mais atrai e recolhe do que deixa escapar. Quanto mais escancarada, mais cheia e misteriosa fica, pois se funde às caixas alheias. E o que era mau em uma pode tornar-se bom em outra, e vice-versa. A Esperança nem sempre se retem ali, ela perpassa os caminhos entre as idas e vindas dos males que vêm para bem, ou dos bens que em excesso fazem mal. Ela vai e volta junto com tudo o que nossa caixa suga e deixa sugar. Ela não se afeiçoa a nós, nós quem nos afeiçoamos – ou não – a ela. Feliz da Pandora moderna que de fato consegue reter este sentimento...