quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

~Assim SOUL~

Hora do inventário dos bens imateriais. É preciso falar do patrimônio emocional, mental e espiritual. Inventar bens onde só há males. Inventariar os “tem” que vieram dos “vales”, e se dar conta do que realmente vale nesta Vida!? Em qual idade a qualidade do Ser Humano chega ao ápice? E de que é feito (e efeito) é o defeito de cada um? Cheguei ao ápice do declínio desfilando na calçada uma Tristeza com pedigree. Caí na real, e gastei muito Real pra levantar. Perdi horas olhando uma pilha de tijolos pensando “são construção ou ruína? Começo ou fim?”. Recomeço, então...E recomeço pelo cabelo! Que quando dá nós, nos lembra que somos laços. Minha pele e meu pelo: casas dos meus apelos. Minha história com meu cabelo não caberia num post, e sim num livro, pois é história longa, embaraçada, ora presa, ora solta, às claras, obscura ou disfarçada: uma história de Vida.

Rejeitei-o e maltratei-o por tanto tempo sem desconfiar que rejeitava e maltratava a mim mesma. Se meu cabelo chamasse atenção, era eu quem estava sendo vista (e eu me escondia). Não o priorizava, pois não me priorizava. Achava-o horrível porque me achava horrível. Só dava a ele o básico (limpeza!), pois achava que eu só merecia isso. Quando o arrancava, era querendo arrancar o "mal" de mim, e o meu lado ruim. O prendia porque temia me soltar, e também porque tinha medo de alguém “puxar a minha rédea”, e, assim, me machucar, me parar à força, me derrubar. Mas, para além do Medo há o amadurecimento preciso (de precisão e de necessidade), e a felicidade “prometida” e merecida.


Quando o lavava, achava caídos na peneira do ralo “pensamentos e sonhos” que julgava ter perdido, mas que foram salvos e guardados. Ninho dos apegos, daqueles bens imateriais que tinham medo de se perder, de morrer, ou serem esquecidos. Meu viver, meu respirar, meu fazer, meu doar, meu saber, meu sonhar, meu rugir, meu chorar, meu prazer, meu gozar, meu beijo, meu rezo, minha Poesia, TUDO passa por ele, e permanece nele, até eu decidir quais manter e quais deixar ir... Porque penso o Mundo diferente daqueles que o pensaram antes de mim, por tanto tempo vi isso como afronta e ofensa, e até falta de humildade. Mas entendi enfim que não preciso pensar sempre igual por lealdade, e nem sempre diferente só por rebeldia. Eu tenho apenas que PENSAR...  

Cortar meu cabelo bem curto era me diminuir, me menosprezar, me esquecer, e até me eliminar. Por tanto, tentei esconder meus defeitos; e achava que meu cabelo era o maior deles. Tentei mudá-lo, escondê-lo, e ele só me provava que eu jamais conseguiria nem uma coisa nem outra. E agora, quero mostrá-lo tal como é: cheio (de conteúdo!), tem clareza e também escuridão, tem um lado liso e um cacheado, é grosso, mas tem leveza; enfim, não dá pra rotular minimamente. É contraditório, mas é em essência BOM! 


Tantas vezes o chamei de “ruim”, e ouvia dos profissionais que “eu não sabia o que era um cabelo ruim”. Realmente, não conhecia quase nada de mim. E a parte que melhor me define (mesmo na aparente indefinição) e me resume tão completamente é o meu “pelo”. Querer “maquiá-lo” às vezes, ok, mas sem nunca esquecer como ele é em essência; e ver beleza nisso é me aceitar como sou. E aceitar sobretudo o meu poder. O cabelo é para tantas culturas e religiões um símbolo do sagrado, da conexão com o divino, e do acesso a esse poder. Sansão tinha sua força no cabelo, Rapunzel escapou da prisão através de seu cabelo, os Avatares se conectam ao Todo através do cabelo. 

No inventário dos bens imateriais, o grande guardião deles me fez descobri que o maior bem que tenho é Ser Quem Sou, e Como sou! 


domingo, 30 de outubro de 2022

~ 4 versos, uma EUstrofe ~
(A Poesia do Ser)


Água, Fogo, Terra e Ar
(Orvalho, erupção, carvalho e tufão)
Emoção, Espírito, Corpo e Mente
(A que vê, ouve, fareja e sente)


Larva, mata, céu e mar
Um riso, um choro, mil rezos e todo Amar
De fé e pagã, pajé e xamã
Filha, neta, prima e irmã 


Nascer, crescer, viver e voar
Errar, Chorar, Servir e Doar
Do compromisso, do reboliço, do cortiço, do Feitiço
Do portão, do porão, da poção, da proporção


Demorada e instantânea, moderna e contemporânea
Reta e curva, sagrada e profana
Soterrada e litorânea, eterna e momentânea
Alegria, lembrança, tristeza e esperança


Lida (e linda), leve e solta
Lúcida, delirante, calma e revolta
Saturno, Vênus, Marte e Plutão
Outono, Inverno, Primavera e Verão


Sorte do Sul, Veste do Oeste
Sol, lua, raio e trovão
Sol em Virgem, ascendente em Escorpião,
Lua em Aquário, Vênus em Leão.


Amor que precisa de peito
Paz que domina o espaço
Amizade que aceita defeito
Felicidade que elimina o escasso
 

Dívidas e dúvida, [Pois sim, pois não!]
Tímida, recalcada, exibida e acelerada
Entidade errante, castidade berrante
Um Titanic na tsunami, uma tribo Yanomami


Fatos e versões, atos e "omissões”
Escolher e ceder, esquecer e perder
O protótipo, o rascunho, o estereótipo e o testemunho
Te enfrentar, me tremer, te desculpar, me surpreender


A sombra de um amor desavisado
A sobra de um amor desperdiçado
O descontrole de um medo desvairado
O desenrole de um cedo atrasado


Karma e missão, benção e perdão
Células, moléculas, átomos, concepção
Universos paralelos, portais interdimensionais,
Buracos de minhoca, constelações ancestrais


A emenda, a contenda, a prenda e a senda
O trampo, o templo, o amplo e o exemplo
A fenda, a lenda, a renda e a tenda
(uma simples questão de Tempo!)


Asa e raiz, casa e juiz
Enigma, certeza, insígnia, correnteza
Exorcismo, cataclismo, erotismo e idealismo
Um respiro, um convívio, um suspiro, um alívio


Um jeito, um trejeito, um sujeito, um rejeito
Adjetiva, adversativa, substantiva e superlativa
Passado bruto, futuro sem fruto
Presente diminuto, eternidade em um minuto


Prova e expiação, trova e inspiração
Suco de morango, chá de pêssego, vinho do Porto e chimarrão
[Seja bem-vindo!], [Muito prazer!],
[Sinta-se à vontade!], [Como posso ajudar você?]


Um ano-luz,[ uma ova!], uma cruz, uma cova
Uma espera, uma Era, uma fera, uma quimera
Supremo e solene, o remo e o leme
Tudo crê, tudo cria, nada teme, E.Q.M


Narrativas, tratativas, explicativa e restritiva
Imanente, coerente, insistente e inocente
Agradável, biodegradável, de base imutável e quase insuperável
Curta-e-grossa, persistente, [não há quem possa!], resiliente


Cósmica e terrena, polêmica e serena
Andromedana, pleiadiana, siriana, arcturiana
Sem limite, sem fronteira, sem eira-nem beira
Menina, guria, mulher e senhoria (e tudo guerreira!!!)


Coração escancarado morando numa prisão mental
Espírito livre voando num corpo mortal
Prende e solta, morde e assopra
Um corte nas entranhas, e tudo o que ele cobra


Miomas e verrugas, axiomas e fugas
Breve e vindoura, de Limousine e de vassoura
Louca e santa, pouca e franca
Centrada e insana, tatuada e suburbana


Atol dos passaredos, farol dos segredos
Rua do arvoredo, Samba de enredo
Português, Inglês, Espanhol e “quase” Francês.
Nunca teve medo de tentar mais uma vez...


Morfética e sintética,
Profética e dialética
Cibernética e genética
Estética e eclética


Das galáxias e das redondezas
Das miríades e das miudezas
Figura sem censura, gentileza sem frescura
A face prematura da mais pura cura
 

Cantos de Estou, planos de Voo,
Anos de Sou, santos de Soul
14, 09, 1978, 44...
Terapia e Parto, Poesia e Teatro

Afeto a afetar a quem possa interessar
1,66cm, 65kg, quadril largo e rosto “feio”(?)
Maria, Eduarda, Novaes, Guerra
(e mais o Lafetá como nome do meio!)

Locações: Parque Estadual do Caracol e Grande Hotel Canela
***
E mais uma vez, a dupla dinâmica ´topa-tudo´ se superou! Sou pura gratidão!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

~cor floris, cor coloris, cor purissimi doloris~
(BR 040/KM 4 - de aguaceiros e de ruínas)


Todo coração tem suAORTA,
Que pelo visto, tudo suporta.
Em coração, fundo se CAVA
E o Mundo se planta,
Pois ele tudo suplanta!
(mas, quando se mente, se planta a pior semente...)


Vivendo a paus(a) e pedras, entre dúvidas e demoras, meu coração coleciona segredos que só ele sabe, riquezas que só ele tem, e saudades que só ele sente agora... 

Hoje, meu coração tá anêmico, paralítico, amputado, roto, torto, perfurado, e totalmente fora do lugar. E se for reparar bem, não tem reparo!!! Metade dele morreu, e a outra metade que vive, segue sem saber que rumo tomar, e onde irá parar. 

Meu coração está pelas tabelas, abrigando uma Alma que se refugia em favelas. Tá tudo muito ventríLouco, pois tenho um átrio ordinário, que ignora o meu livre arbítrio. 


Cores e Flores são Dores 
Que o Coração transmutou!
(Por isso, a grafia mudou)

Mas... Cores também desbotam, flores também murcham, e têm espinhos que machucam; e dores, quanto mais fortes, mais resistentes. A Dor é uma dormência, é uma demência, é uma doença terminal intermitente (e prepotente)! 

Coração florido, coração colorido, mas duramente dolorido... 
A Dor não cede clemência!


A gente passa um inverno dentro do inferno, num sofrimento interno, externo, e por vezes eterno; até que o ardor disso tudo nos mostra que... 

Antes Sol do que um Mal nublado. 

A gente aprende a reviver sem sequer ter nascido. A gente descobre como renascer antes mesmo de ter morrido. Quando a metade de mim em ti começou a morrer, todo o nosso Inteiro se rachou. E quando o inteiro de ti terminou de morrer, todo meu Inteiro se estilhaçou - e se apartou de mim. Inteiros que se vão (partidos no vão), nos deixando pelas metades...


A Morte é sempre um tiro-certo, que mata até as pessoas erradas. Mata a Sereia-da-Mata, a Noiva-do-Vegetal; que se enterra prometendo infinitudes, mas só entrega brevidades, na terra ou no umbral. Nos ataudes, corpos (se de)batem em retirada, metendo medo nos próprios medos, até todos terem a coragem de fugir em disparada!

Seríamos temporariamente eternos ou eternamente temporários?


As Dores enfeiam a Sorte, enquanto as Flores enfeitam até a Morte

Cheguei ao ápice do declínio!!! Onde exerço clandestinamente o direito às fraquezas em meio ao dever de ser sempre forte (e sempre norte!). É, eu ando tão à flor da pele, que vejo, sinto, e cheiro cada corte, tendo a certeza de que só eu mesma tenho o meu Coração. Ninguém mais! 


Nós na cabeça (somos),
Nós no coração (são),
Nó na garganta...
Tem dia que nada adianta!!!
(nem mesmo oração)

Tive um pesadelo terrível, onde meu Silêncio dormia numa cama ruidosa, sob lençóis histéricos; acordava aos berros afônicos, e desmemoriado... Só(!) que não perdi nenhuma dessas memórias... Saí em disparada e cheguei a um lugar onde não encontrei absolutamente nada. Um dia, quem sabe, eu “ai!!!” de me conformar com as Dores do Mundo. Hoje, só quero um conformimsmo: onde me confronto, me conforto, e me conformo em viver sob meu próprio julgo.


Luto, pra mim, sempre foi verbo, e verbo é Palavra; mas hoje, me encontro quase sem elas. E acho o cúmulo encher os túmulos com acúmulos nulos... Vazios que preechem lugares, e pesam absurdamente... Uma ova!!! O espaço espesso onde escondo meus sentimentos e mistérios não se parece em nada com uma cova!


É... As Runas não me falaram dessas ruínas. O Tarô não me avisou desse pavor. Os Búzios não mostravam tantos rostos macambúzios, e as Bolas de Cristal não me refletiam assim, tão mal.

Hoje, sou flor que, sem solo ou com solo, só busca um consolo.

Perto disso tudo, a Imensidão é pouco, não passa de miragens mesquinhas e inacabadas. Tenho a determinação do Louco, e a coragem da Rainha de Espadas, mas o que mais preciso agora não tem nem nome. E se tiver, nem desconfio de qual seja. 

A questão é: por que quando eu mais preciso de mim, eu nunca estou aqui??? Oscilo entra a culpa plena, a esperança ingênua, e a inocência contumaz a me guiar. Mas quanto mais eu sinto pena, menos asas tenho pra voar...


Queria ser um rio corrente, mas não mais rio, só arrasto corrente. Foi um rio que alagou a minha vida; e corre morro acima, enquanto eu morro até na rima.

Ontem, tive as chances que não tenho mais hoje. As cobranças de ontem me renderam as mais duras críticas de hoje. Os enganos de ontem são sentenças no hoje. E a beleza de ontem morreu na feiura de hoje... Mas, o perfeito que não nasceu ontem é o grande feito de hoje. A culpa de ontem é a cura de hoje. E a surra que meu corpo levou ontem fez minha Alma aprender a abraçar hoje.
 


Muita água, e muito silêncio...
Muitos mundos mudos, e ruídos! 
Pedras soltas, Palavras presas... 
Represas torturando os risos foragidos!

Mas sou VITÓRIA-Régia, e em meu aguaceiro vou me sustentar, me deslocar, e chegar onde muitos nem sabem se um dia estarão.


Sigo sendo a eterna 
PRIMAVERA
Aquela que ainda espera, 
E que em breve, todos 
VERÃO!

"A Primavera chegará mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite em calendário, nem possua jardim pra recebê-la" (Cecília Meirelles)

Nunca posso deixar de agradecer, profundamente, à dupla-dinânica Ely e Ana Jú; e nesse ensaio, também agradeço especialmente às duas ajudantes-extras, Tia Paçoca e Mammynúscula.
(Locações - Condomínio Laje de Pedra e Ruínas do Cassino)
*
~PAI~
*
Esse é meu primeiro aniversário sem você, e esse é o primeiro post que você não lerá, e não fará seus tradicionais elogios, e eventuais críticas. Tua morte física matou muita coisa em mim, menos tudo aquilo que há tempos eu quero (e preciso) que morra... Matou sobretudo o prazer que sempre tive em comemorar essa data, que já começava com "Parabéns" à meia-noite, fosse presencialmente ou pelo telefone. E os últimos 4 foram presenciais... 

Hoje, faz exatamente 1 mês que nos vimos, falamos e nos abraçamos pela última vez. Você partiu 3 dias depois, mas aquele dia dos pais foi oficialmente a grande ruptura; e de alguma forma ali, eu me anestesiei... Agora, busco insanamente pela mesma anestesia, que nem a Poesia está conseguindo me dar. 

Eu e Clarice suamos pra conseguir juntar essas Palavras, porque nenhuma delas realmente se capacita pra expressar com exatidão tudo isso. Só mesmo o Silêncio, só mesmo o Vazio. E pra ambos, só a própria palavra em si. 

Silêncio se basta, 
Vazio se resume, 
E a Dor... 
Ah, nem ela 
Pode falar de si
Sem querer morrer também! 

Duro ter que continuar, sentindo o que não faz sentido... Seguir sentindo que falta um braço, uma perna, um olho, um lábio, uma orelha, uma mama... Ninguém deveria sentir uma Falta, porque ela, por si só, não existe. A Falta significa que algo não está ali. Mas a falta é um vazio sentido como Dor. O Vazio dói, o Vazio pesa. E eu achando que estava sofrendo tanto no aniversário passado, quando era assombrada por fantasmas, velhos e novos, e fazendo mágica pra que você seguisse sem saber de nada, pra não se preocupar... Eu realmente não sabia o que era sofrer. Eu realmente não sabia o quanto a Primavera poderia se disfarçar de Inverno. O que os inimigos fizeram comigo há 20 anos, e no ano passado, foram um mero ensaio... Nada nem ninguém provocou em mim tamanha Dor. Eu definitivamente não sabia o que era isso. E preferia ficar sem saber. Pegava de volta na hora todo aquele passado, em detalhes, se me garantissem que eu não passaria por esse "presente de grego". Porque a saudade que senti há um ano virou um efêmero segundo, em total segundo plano... 

Em breve, o primeiro aniversário de casamento que não haverá, o primeiro natal sem o Papai Noel legítimo, a primeira virada de ano A3, o primeiro aniversário da minha mãe sem você, os 50 anos da minha irmã, o primeiro dia dos namorados, o primeiro aniversário seu, o primeiro dia dos pais (que será sempre duplamente marcante), e o primeiro ano completo sem a TV no último volume, as conversas sobre política, as piadas, os planos e orgias gastronômicas. 

Você não sofre mais, e isso me conforta, mas não ameniza em nada a ausência. Teu cheiro ainda está por todo este apartamento que estamos desmontando. Eu já dormi na sua cama, almocei no teu lugar da mesa, tomei banho no seu banheiro, e tentei descansar na sua poltrona. Até agora náo sei se isso me foi bom ou ruim. Hoje, um a um, os móveis estão sendo vendidos, suas roupas já foram doadas, e algumas das suas fotos estão sendo encontradas aos poucos... Que em meio a elas, eu me reencontre também. Ao menos algum pedaço, que seja. Porque completa, claro, jamais serei outra vez. 

A tua bruxinha vai sair todas as noites de vassoura a te procurar, e, por favor, tente me achar!!!

Um beijo da sua "buzurundunga" de 44 anos agora, que não soprou velas sobre um bolo porque essa é a última luz que lhe resta, e ela não pode deixar apagar... 

Meu melhor amigo, só espero que você esteja na paz que sempre mereceu. 

Obrigada por tudo! 

Até o reencontro... 

domingo, 17 de julho de 2022

~FragmentALMA~
(Um Mosaico de Tempos, Espaços, Horrores e Amores)



Estrada: uma sequência inacabada de atalhos emendados. Eis a razão das pontes, curvas, bifurcações e lombadas; dos semáforos, túneis, buracos que subitamente se abrem, e dos pedágios caros que nos cobram pelas manutenções e reconstruções. Pedaços de Tempos e Espaços abrigando Horrores e Amores, percorridos passo a passo entre dores e ardores.

"Creia no que sente, pois o olhar mente!"
"Só paixão tá fora de uso! Quero Amor com tudo incluso!!!"
"Mel ao meio-dia, elo do meu dia... Amor é melodia!"
"Trocam-se soluções etéreas por ilusões venéreas!"
Um feito à parte, feito por partes... Todos os Caminhos são fragmentados! E é quando se parte de um trecho para o outro que se percebe o quão árduo pode ser o parto. E ir embora não quer dizer cair fora, pois uma hora se volta ao ponto “da partida”... A saída é também uma nova entrada, por vezes escondida; pois tudo está interligado: a largada e a despedida! (no duplo sentido da caminhada)

"Muda é a Vida, que muda seus planos sem uma palavra dita."
"Talvez amanhã eu pouse. Mas hoje, não. Hoje é sempre um dia pra voar..."
"Mar não recusa Rio! E eu só rio porque não recuso o seu amar."
"O Passado já passou! Que Presente é saber disso!!!"

Às vezes, há problemas na rota e erros crassos na carta de navegação. E só o tentar nos esgota os recursos, sofremos acidentes no percurso, e de súbito, viramos partículas espalhadas por cada fragmento e vão! (onde se sabem eternos aqueles que nunca se vão)

Foi quando me vi fragmentada pela primeira vez que entendi que todos nós sempre fomos estradas próprias trafegando em estradas coletivas, perdendo, achando, comprando, vendendo, doando, trocando ou fundindo estilhaços a cada cruzamento... Pedaços de Tempos perdidos abrigando Espaços inacabados onde moram os Amores incompreendidos e os Horrores ensanguentados.

 "Recomendo dispensar o Pensar e só permitir o Sentir!"
"Poeta não escreve, desenha letras unidas!"
"Te poesio só pra mim, do recomeço ao infinito fim..."
"Quando tua Alma me abraça, pro meu corpo isso basta!"

Somos tora de madeira adornada com vidros, vestindo uma colcha de retalhos. E minha tora foi rachada ao meio, meus vidros se esfarelaram, e meus retalhos se esgarçaram um a um. Era preciso me reformar por inteiro. Espírito, Alma e Corpo: virei um tremendo remendo de emendas já remendadas, um amontoado de atalhos que guardavam tantos outros atalhos em si... Entendi que sou e sempre serei assim: um Espírito que só sabe voar, uma Alma que só quer amar, e um Corpo que precisa respirar, transpirar e arrepiar!!! (sim, o Ar é vital em qualquer lugar)

Mas na reforma, parei num trecho onde se desfez a ligação... A ponte ruiu, o túnel fechou, e mal me restou o chão! E quem tá no chão ou brota e floresce, ou transmuta e voa. Ultrapassei a fronteira, retomei a dianteira, e agora eu mando na “proa” toda!!! ... Será???... Talvez... Não me lembro agora... Minha memória foi o fragmento que em mim mais se fragmentou! E hoje não sei se um pensamento é mesmo meu, nem qual foi o momento que você me roubou! Só sei que quando o Mental morreu, o Coração, enfim, se restaurou. ("lembrar é preciso, e esquecer não é possível!")

"Receba, por favor, já passou da hora... Amor nunca se joga fora!"
"Quero estar à vontade, não na vontade!"
"Somos o daqui por diante, e não o meia volta volver!"
"O Desejo quer ´pra ontem´, mas o Medo diz ´deixa pra amanhã´!" 

Aprendi a contar minha trajetória tal como é: aos pedaços, sem ordem, sem lógica, e, por algumas vezes, sem o princípio ou o fim de alguma história... Troquei e fundi fragmentos, e agora tenho dores que não são minhas, e medos que me assombram da cabeça às Canelas. Vendi e doei fragmentos, e agora vejo minhas cores em pessoas mesquinhas, que não souberam devolvê-las quando mais precisei delas!

Rupturas, rachaduras, emendas frágeis se contrapondo a rochas isolando o lugar mais emblemático. Viver, por si só, é um ato traumático. E seguir vivo é ser herói, é ser completo mesmo faltando pedaços...

"Maior tormento da História: 
saber que já fomos Momento, mas hoje somos Memória..."
"De manhã, sigo protocolo. De noite, sigo pro teu colo!"

Eis aqui um doloroso registro que abro: foi sinistro, foi macabro! Puseram força onde eu só pedia um jeito, e não tive forças quando só ela podia dar jeito... Resistir, persistir, insistir e desistir: era um verbo pra cada trecho; mas saí tanto do eixo que fiz fogueira na geleira, e hoje choro gota a gota essa imensa e nada calma cachoeira!

Sim, foi um "tralma"... 
Caí, me quebrei toda, mas continuo inteira!!!
“Minha Alma não rejeita meu passado, 
Minha Pele não recusa o teu presente, 
Mas meu Coração não reconhece nosso futuro...”
“Nossas Almas se falam em LIBRAS por corpos ainda Virgens.”
“Faça de um pretérito imperfeito um presente mais-que-perfeito.”


~BASTIDORES & AGRADECIMENTOS~

Dedico esse ensaio à minha tia, Ana Lúcia Novaes, autora do livro Fragmentos de Poesia, que tanto me inspirou pra Vida, não apenas para esse trabalho. Seu livro (somado a tudo que vi, ouvi e vivi ao lado dela) me fez entender os meus fragmentos, e me ajudar a reuni-los, reforçando os laços que preciso, e soltando os que não fazem mais sentido... Meu farol, que até hoje me faz desconhecer a verdadeira Escuridão... Eu carrego comigo uma herança tão imensa e tão fértil que só posso agradecer a Deus pelo merecimento, e sei que isso tudo é mesmo tão gigante que nunca coube só em mim. Por isso, o partilhar sempre me foi tão natural. Simples assim!


 
E mais uma vez, sou pura gratidão a essa trinca de ases que o Universo pôs no meu caminho:

~Ely, Ana Jú, e Karenzitta~

***

~FRAGMENTOS EXTRAS~

“Amar é verbo intrometido, Nascer é verbo introdutório, Crescer é verbo introvertido, e Viver é verbo 'intromeduvertório'!”

*
“Se acha que as Bençãos ainda estão distantes, comece a ser feliz antes!”

*
“Você é a Fome da Babilônia. É o nome e sobrenome da minha insônia!”

*
“Seja transparente: diga só o que o Coração sente! (e se ele levar facada, fique calada!)”

*
“Tomei posse da tua efemeridade, e joguei na rua a minha eternidade”

*
"Trauma: é quando te trago a minha Alma e você é má com ela!"

*
“Era só pro meu Sonho te acordar, não pro meu Amor te assustar... 
Me desculpe!!!”

*
“Em toda oração que eu fizer, você será descrita.
E em todo coração que eu tiver, você estará escrita”

*
“Você bateu em meu coração, eu abri a porta...
Você bateu no meu coração, eu fechei a porta!!!”

*
"Fecha a Alma! Não desperdice afeto com quem só te afeta..."

*
“É que no fundo, no fundo, as pessoas são muito rasas!”

*
“Absorvo teus recados por osmose. Absolvo teus pecados por ‘normose’”

*
“Ou eu amo todos os Alguéns, ou não amo mais Ninguém!!!
(É 8 ou 80. Ou é coito ou se ausenta)”

*
“Eu conto o que me contém; e tu, o que te convém”

*
“Passado é pra focar em aprender, não pra ficar e se prender”
(ou vai se arrepender!)

*
“Eu transformo Não em Sim! 
Eu era são, e hoje, sou assim...
(Façam uma oração por mim!!!)”

*
“Tua carência implorou por minha carícia, mas minha essência nunca teve malícia”

*
“Romper pra expor, doer pra repor... ‘Ser’ é Restaurador!”

*
“Nos amam, mas não nos chamam! Nos odeiam, mas nos rodeiam?”

*
“As verdadeiras grandezas são miúdas... E cabem em potes pequenos, em amores amenos e em poetas obscenos!!!”

*
(s)EmFIM, sou a mesma de nunca!

***
PS – tenho uma mente inquieta e turbulenta, e uma máquina de escrever... Desculpem a verborragia, mas eis a minha analgesia pra poder sobreviver!