segunda-feira, 29 de julho de 2019

~A Golondrina~
(Tânia Bondezan & Luciano Andrey)

Dizem que uma andorinha só não faz verão... Será!? 

Numa sexta-feira de inverno paulistano, uma andorinha mudou minha estação em segundos! Primeiro, embarquei na estação Saudade e saltei na Reencontro; e então, um frio ventoso se transformou num “VERÃO que o Amor vence o Ódio!", num espetáculo contundente.

A Golondrina levou minha mãe e eu ao teatro do MASP pra rever os amigos Tânia Bondezan e Odilon Wagner (a tradutora e atriz, e o produtor da peça). Se não bastasse isso, ainda fomos premiadas com texto, direção e atuações viscerais memoráveis.

O cerne da peça é a Dor, e como cada um lida com ela. Duas personagens de uma mesma tragédia em princípio disputam suas razões pra estarem um sofrendo mais que o outro, até que ao longo de um texto magistralmente costurado, entendem que uma Dor, independentemente de seu tamanho, se cura enxergando e dando as mãos à outra. E a linha condutora é uma canção que fala da Esperança ao narrar uma andorinha que volta ao lar...

Ramon chega ao lar de Amélia, uma professora de canto que perdeu seu filho durante um atentado terrorista. Ele precisa de seus dotes pra ajudá-lo a cantar "A Golondrina" na cerimonia de homenagem à mãe falecida há pouco tempo. Amélia cantava esta mesma canção para o filho, e faz-se aí um elo que vai ensiná-los o poder do Amor, da aceitação das diferenças, e sobretudo do Perdão pra se alcançar verdadeiramente a cura. 

Baseado em atentados homofóbicos recentes, a morte do personagem Dani expõe preconceitos, pontos de vista radicais, escolhas, culpas, julgamentos, e muitas razões pra sentir desesperança na Humanidade. Mas o voo da andorinha que só quer voltar ao lar enquanto traça no céu desenhos de plumas sabendo que há, sim, sempre uma canção no horizonte, leva Amélia e Ramon a unirem forças pra derrotar aqueles que tentaram matar suas almas ao matarem Dani e tantos outros mais. 

Empatia: eis o antídoto universal pra todo mal!

O desejo e a esperança de voltar pra casa após um duro voo é a base que sustenta e une todos nós, seres humanos, independentemente de crença, raça, ou opção sexual. Todos nós sobrevoamos tragédias - pessoais e coletivas - em meio a céus tempestuosos; buscando sempre um Porto Seguro onde pousar! Mas a grande mensagem é que nem sempre a dor mata, nem sempre a tempestade molha, nem sempre as nuvens cinzas são sinais do Fim, pois, a depender de com quem se voa, essa canção no horizonte sempre ecoa a nos encorajar e guiar.

A Golondrina não me proporcionou apenas um voo, ela me fez estar num Céu tão incrivelmente importante, que (quase) desejei jamais pousar...

Tânia, Odilon e Luciano, gratidão infinita por tamanha lição. 
Eu parti de novo, mas em breve esta andorinha aqui volta pra beijar vocês!!!


anDORinha

Era uma peça sobre a Dor...
A dor do parir
A dor do excluir
A dor do partir!

Era um museu de Artes...
Da arte de atuar,
Da arte de amar,
Da arte de se reencontrar!

Era o voo de uma andorinha
A mostrar à simples passarinha
Que sempre vale a pena
Esperar!!!