sexta-feira, 30 de outubro de 2020

POEMAR-SE...


É não ter prefixo de Lugar
É inventar um sufixo de Tempo
E um advérbio de Número
Pra ter histórias a contar...

É ter a linguística solta,
E saber xingar com
Classe de palavras
Em alta e boa fonética
Em todos os dias da semântica

É um Eu Sou porque Tu És
É um Vós Sois onde Nós Vamos
É um Ele É se Elas Estão
É um Eles São quando Ela Fica

É uma conjunção de fatores
É ter de abstrair um 
Substantivo concreto
É se preposicionar
Nos bastidores de um
Verbo transitivo direito

É gerar um gerúndio
No particípio de
Qualquer canto
Que vai durar 
Um infinitivo...

É comer na mesóclise
É ter problema de próclise
É viver ênclise de identidade
É metáfora daqui, agora!
E não se metonímia mais
Na vida alheia!!!

É ir do indicativo apocalíptico
Ao subjuntivo apoteótico
De forma analítica
No modo sintético
Num jeito caótico

...E ainda assim,
Viver no imperativo do
“Sintaxe bem!!!”
Onde ninguém lhe
Exegese nada em troca!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

...DES...A...CE...LE...RA...

Pra que correr, se o que nos tira do lugar não é a pressa, e sim o passo que se dá no chão?!

E basta um, que já não estamos mais onde estávamos, e também já não somos mais quem costumávamos ser...

Um passo adiante parece pouco, mas se um passo muda, tudo vai mudar: ângulos de visão, reflexos de sombras, correntes de ar... E por um segundo que seja, tudo vai silenciar!

Há quem esteja parado, em compasso de espera. E há quem esteja acelerado, em “compasso de estressa”, que marca o passo até chegar ao marca-passo... Calma, irmão! Porque um passo com pressa faz a vida compressa, beirando a estagnação.

Pra que a pressa, se o que nos faz acordar de manhã não é alarme, mas sim o fato de ainda estarmos vivos? Então, se desarme! Sempre haverá em nós muito mais o “vivido” do que o “a viver”, porque o que ainda vai chegar, sabe Deus se enfim virá; enquanto o que já foi, sempre haverá de nos pertencer.

Desacelera! Não faça alarde... Admire a paisagem não como quem está só de passagem, mas como quem vê um Picasso num museu. Pegue o Tempo no laço e o faça te esperar, mostrando que ele é todo seu!!!

Pra que a pressa? A quem ela interessa??? Com apenas um passo, ultrapasso o velho espaço, mas o tempo não regressa... E ao invés de sair no braço com o palhaço, o que eu faço? Sorrio mais, vivendo uma vida às avessas.

Eu vejo no horizonte uma linha impressa; e na vida pregressa, um outro traço. Então, pra que a pressa em dar o passo???

Hoje, eu caço no cansaço (e nele, fico possessa!!!) Mas minha Alma sempre confessa ser esse o seu erro crasso...