"JUST-A-BIBA"
No fim de semana passado estive em um shopping aqui em Brasília, chamado Pier 21. E entendi exatamente porque o apelidaram de Pier-SUB21. Só galera cheirando a leite, e que tenta disfarçar este odor com excesso de gel-hortelã para cabelos (chega dá tonteira ao passar ao lado). E eis que vejo um (melhor dizendo, um milhão) ser vestido, penteado e se comportando exatamente como o novo fenômeno da música pop-adolescente. E uma moça do meu lado fala ao namorado "Olha só um Just-A-Biba ali"... Não resisti e caí na risada. Sabe, nada contra os homossexuais, somente contra aqueles que pensam que ser assim é questão de marketing pessoal, que está na moda. Há pessoas que nasceram pra viver sob os holofotes. Mudam completamente de uma semana para outra só para seguir um modismo. É a velha máxima do "falem mal, mas falem de mim!".
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Essa pobre criatura canadense, chamada Justin Bieber, aos 12 anos foi arremessado pela própria mãe num concurso de talentos de seu país, ficando em segundo lugar. Aí, foi para no Youtube, aí foi visto por um produtor americano, aí foi usado como um produto, e aí virou um produto que se proliferou mundialmente... O menino até que tem talento, pois aprendeu sozinho a tocar violão, bateria, guitarra e mesmo trompete; mas está totalmente subaproveitado, não tendo qualquer autonomia para decidir como e o que quer fazer da própria vida. E só pra arrebatar a tragédia, sua mãe agora briga com o pai, que quer parte de sua fortuna, e tudo escancarado nos jornais.
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O que me indigna mais é que as pessoas acham que a transição da infância para a idade adulta é um vão raso, e que precisa ser preenchido com qualquer coisa. Raso coisa nenhuma. E muito menos deve ser preenchido com qualquer coisa. Adolescência não é um período de black-out cerebral. Muito pelo contrário. Tudo está muito aflorado, principalmente a capacidade de absorção. E isso porque vai-se entrar na fase mais dura da vida, e precisa-se de bagagem pra isso. "Malhação" pensa que jovens só querem - e são capazes de - saber sobre sexo, drogas, rock-n-roll, vestibular e tudo ao som de musiquinhas mela-cueca tocando em matinês, pois é só disso que consiste a vida... Meu Deus, não!
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Já tive 15 anos, e mesmo não tendo título de eleitor, discutia em casa e na escola o futuro do meu país. Já tive 16 anos, e meu diário era recheado com pensamentos de Vinicius, Toquinho, Chico Buarque, que muito me ajudaram a formar o meu. Já tive 17 anos, e comecei a trabalhar e levar a vida muito a sério. Já tive 18 anos, e aprendi a dirigir com a maior responsabilidade do mundo, dando ainda mais valor à vida. Já tive 19 anos, e minha saúde passou a ser ainda mais cuidada, e então o trabalho melhorou, a vida sexual, a responsabilidade no trânsito, os diários viraram livros, as amizades se multiplicaram, e eu cheguei ao outro lado do abismo carregando tudo o que eu precisava pra começar a jornada.
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Os jovens de hoje precisam e merecem que o ofereçam muito mais que Justin - inclusive o próprio merece mais de si mesmo e dos outros. Os jovens merecem aprender que relações humanas vão além de sexo com camisinha e baladas. Os jovens merecem que entendamos o real valor e sentido dessa fase de transição. Os jovens merecem que lhes dêem condições de cumprir o difícil fardo de ser "o futuro da nação".
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