Entre, por favor, e repare bem na bagunça!
...E eu sempre deixava tudo em seu devido lugar, com a faxina em dia, pois você podia aparecer a qualquer momento! Mas com o passar do tempo, eu vi que você não me alcançava porque ora estava com um pé atrás, ora a mil pés de profundidade. A casa, então, ia perdendo o cheiro. A poeira ia acumulando a ponto de se recusar a sair com facilidade depois. As teias de aranha iam se confundindo com a cortina do quarto e com os lustres da sala de jantar. E o bule de chá congelou às 16h59.
...E eu sempre deixava tudo em seu devido lugar, com a faxina em dia, pois você podia aparecer a qualquer momento! Mas com o passar do tempo, entendi que você sempre foi o meu universo surreal, a minha maior loucura. Alguém que amei de uma forma pós-concebida, e sem dar satisfação. Alguém que amei, mas simplesmente esqueci de avisar que amei. Eu entendi que construí uma via de mão única. Eu não te deixei mais que o acostamento onde você se encostou, e de onde nunca quis sair. E se um dia você não mais passear com os cães na Praça de Maio, tudo bem, eu voltarei lá quantas vezes forem necessárias só para seguir seu rastro.
...E eu sempre deixava tudo em seu devido lugar, com a faxina em dia, pois você podia aparecer a qualquer momento! Mas com o passar do tempo, entendi que aquela cabeça dormindo no meu peito acontecia só do lado de dentro. E aquele cafuné que eu fazia era sempre no espanaDor. A casa, então, perdeu de vez o cheiro. A poeira se concretizou. As teias de aranha também. E o bule de chá enfim se quebrou pontualmente às 17h.
Maria Eduarda Novaes
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