quarta-feira, 2 de março de 2016

O CULTO E A OCULTA
(ou ~A Culta e O Oculto~)

Quando você entrou pela janela, eu estava desprevenida! Minha Alma estava nua, paralisada e em preto e branco, sem sequer saber o que é uma aquarela. Quando você pintou o chão, as paredes e o teto, eu estava deprimida! Minha carne estava crua, gelada e escorada num barranco de sequelas. Quando você se refletiu no espelho, eu estava escondida. Minha face estava em outra rua, vendada, e levando tranco; sem ouvir qualquer conselho e sem nenhuma cautela. Mas você não desistiu de (me a) tentar, de me cantar à capela...

Quando você enfim me tocou o rosto, acordou o meu oposto e fez minha máscara se estilhaçar. Quando você sussurrou-me aos ouvidos, acionou os meus gemidos, educou minha libido, e me fez regalar. Eu só tinha uma única lágrima, que achava tão comovente... Até que você veio feito um mar, e mudou a minha enchente - e me ensinou a nadar a favor da corrente... ... ...

Você veio Amar bem no meio da minha nascente!!!

Ah, seu indecente! Contra minhas provações, trouxe provocações, e até provocou acidentes - ora oculto, ora um viscoso vulto que me atropela. Você vive num campo distante, num reino a parte; sei que não pode estar sempre aqui, então, encontrei uma maneira de sempre te ver... Sem fotografias, fios de cabelo, cheiros no canto da cortina, ou brisas no alvorecer. Não preciso deter sua saída, nem reter a mínima porção, não é preciso qualquer artifício, pois a maior lição que me fez aprender foi dominar o ofício de PARAR DE TE ESQUECER 

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