POR FAVOR, parem de matar as flores!!!
Por que
quando as pessoas morrem, as flores devem morrer também? Quando alguém parte, já
me entristeço tanto; mas na cultura onde estou inserida, parece que este
sofrimento não é o bastante. Tenho ainda de ver minha dor sendo
amplificada pela imagem da linda rosa (juvenil) que passa a jazer sobre o
caixão. Ela já morreu ali, só ainda nos polpa do choque ao conservar sua
aparência pomposa, em vermelho-VIVO, por um pouco mais de tempo; coisa que nosso irmão de espécie já não
consegue mais... Quando alguém falece, outro alguém arranca uma flor de sua
terra, ou desloca sua pequena moradia, e a deixa junto à sepultura. Sem alimento
e sem água: seu destino será o mesmo daquele a quem, com ela, se homenageou. É
justo isso??? Nunca achei! Se já não achava certo flores terem sua existência
encurtada para enfeitar casamentos, celebrar nascimentos, batizados e
formaturas; imagine o que é vê-las enfeitando o ""inenfeitável"". Isso é no
mínimo uma leviandade... "As flores têm cheiro de morte, a flor vai curar estes
cortes. As flores de plástico não morrem!", diz a letra da canção dos
Titãs... As flores não têm cheiro de morte, nós quem demos à morte um cheiro
de flor. A flor não cura cortes, ela tão somente os sofre porque demos de achar
que ela tem este poder. A única verdade nesta afirmação é que as flores de
plástico não morrem... Então, da próxima vez que tiver de viver uma perda, não
provoque uma outra! Quando alguém partir, leve flores de plástico aos
cemitérios. Quando se casar, já faça isso em um parque. Se alguém adoecer,
pague o preço cobrado, mas peça à floricultura a gentileza de entregar apenas o
cartão. Quando alguém nascer, leve fraldas, roupas, brinquedinhos. E
nos batizados, diga apenas "Que Deus abençoe sua vida, e ENCHA SEUS JARDINS DE
FLORES", e nada mais...