sábado, 6 de junho de 2009

"VESTIDO DE NOIVA"
E a Lei do Amor, onde fica?


A gente nasce e morre escutando que "todos são iguais perante a Lei, mas uns são mais iguais que outros". É repugnante mesmo, revolta! Mas isso quando a gente vê pela ótica socioeconômica, simplesmente. Quando um assassino rico se livra da cadeia somente porque é rico, e uma mãe miserável vai pra cadeia por roubar um pote de manteiga, por exemplo - porque alguém tem que dar o exemplo, é o que quero dizer! - não faz sentido algum. Mas, e se pensarmos de uma outra forma? Se virmos as Leis como se elas fossem Vestidos de Noiva? ... Vestido de Noiva é inconfundível. Só de olhar, sabemos que é "de noiva". Ricas e pobres, brancas e negras, novas ou velhas, qualquer mulher pode - e se veste de noiva, mas cada uma com aquele que lhe melhor cair. Para toda noiva, o modelo; mas para cada uma, um corte apropriado. E quando a mulher se veste de noiva, ela está vestindo todo um lirismo. A noiva veste a felicidade. Veste a amizade e o respeito por si e por um próximo cada vez mais próximo. Veste, acima de tudo, o AMOR... A Lei é uma regra inconfundível. Não é um pedido, é uma ordem. E não é pra poucos ou só para um grupinho. É uma regra geral, mas sua aplicação deve contemplar, sempre, este conjunto que estamos nos habituando a ignorar.

Foi o caso do pequeno Sean Goldman, de 9 anos, que me fez refletir novamente sobre isso. Nascido em 2000, nos EUA, Sean veio para o Brasil aos 4 anos, e aqui está, há 5. Perfeitamente adaptado, cercado de inúmeras pessoas que o amam, feliz. A prova de que este menino é feliz é que, mesmo sendo objeto de uma disputa que em nada pretende ser por ele, todas as fotos que vi publicadas desta criança, ela está sorrindo... Sean não tem culpa do seu passado, e não deve pagar por ele com seu futuro. A essa altura, não interessa quem errou lá atrás e quem tem razão hoje. Não interessa mais por que a mãe o trouxe para o Brasil, não interessa por que, em 5 anos, essa situação não se resolveu; o que interessa agora é reconstruir o pedaço grande do mundo dele que desmoronou com a perda da mãe, e não fazer tudo desmoronar de vez com a perda da irmã, dos avós, tios, padrinhos, amigos, pai afetivo...
*
A convenção de Haia, por si só, não está errada. Mas ela não descreve/diferencia seus "sequestradores". Pessoas que somem com seus filhos por pura maldade e as que fogem com eles para se salvarem estão todos no mesmo papel. É um vestido que nunca vai vestir a todos igualmente, nem por decreto. Talvez seja justamente pela falta deste encaixe que a Convenção diz também que se leve em conta a vontade da criança, e verifique se ela já se encontra adaptada ao país. Assim, a decisão do Brasil além de Legal é acertada em não punir essa criança pelos erros dos outros. Mas me assusta ouvir os discursos do tipo "o Brasil tem de dar o exemplo!". Se os EUA vêm cumprindo à risca a Convenção, uniformizando decisões que não têm razão de ser iguais, o Brasil precisa ser do mesmo jeito?! Por favor! O sentido de "A Justiça é Cega" está sendo muito mal interpretado aqui. Justiça, em primeiro lugar, nada tem a ver com nossos direitos no papel, mas sim em fazermos nossos papeis direito. Assinar um papel puramente porque "é um acordo" - e por medo de birras e pirraças, represálias em futuras decisões - é fazer papel de palhaço. É transformar num circo armado a vida de um inocente e fazer dele um mero Troféu Pseudo-Justiça. Pois num circo verdadeiramente justo, a alegria predomina. Num circo verdadeiramente justo, o que impera é sorriso de uma criança...

Nenhum comentário:

Postar um comentário