PARA CELEBRAR O AMOR...
"Paradoxal". Foi o que Ana respondeu a um desconhecido que se aproximou dela com um lenço, perguntando a razão daquelas lágrimas, escondidas num canto do saguão do aeroporto. Ela escrevia uma carta minutos após se despedir de seu grande amor, que partira para a guerra. "E quando nos vemos de novo?", perguntou àquela presença masculina estranha, que também partia. "Não sei!", respondeu ele com espanto, "Mas espero que seja breve!"... Ana caiu, não mais apenas em prantos, mas foi literalmente ao chão. Ela havia feito a mesma pergunta ao amado, que havia respondido da mesma forma. A jovem rasgou então a carta com a mesma exatidão que aquele momento havia dilacerado seu peito, sua coragem e sua esperança; se levantou e correu rumo à saída mais próxima. Intrigado, o bom-samaritano Marcos, num instinto, catou os pedaços de papel e adentrou a sala de embarque sem olhar para trás, mas mesmo assim pôde ver refletido no vidro o último vulto triste de Ana passando pela porta. Começava seu dilema: lia ou não aquele desabafo? O atraso do vôo em mais de duas horas acabou com sua dúvida. Cuidadosamente, ele emendava os pedaços montando o quebra-cabeça. Faltava uma parte... Faltava o final... Concentrado, só após a incompleta leitura ele foi capaz de notar outra presença triste ao seu redor. Pedro, um jovem soldado, se esvaia em lágrimas. Eram lágrimas como as de Ana. Aquilo não podia ser coincidência. Ali estava o começo, o meio, a razão daquela carta, e Marcos entendeu que a ele caberia o fim. "Choro porque amo muito, e assim sou feliz. Choro porque sofro muito ao ver meu amor partir...", Marcos lia a carta em voz alta ao soldado. "Antes, meu amor só partia de mim e nunca voltava. Até que aqui ele apareceu com uma cara, um olhar, um cheiro, um gesto, e 3 palavras...". O choro de Pedro ganhava volume, em líquido e som, enquanto Marcos seguia no mesmo ritmo. "EU TE AMO!... Foi o que bastou me dizer, e achei até desnecessário, pois palavras, quaisquer que sejam, fazem meu amor parecer simplório ao se transmitir e simplista ao se explicar... Porque ele dispensa explicação!". "Pare! Por favor!", pediu Pedro, entre soluços de agonia, mas Marcos não se intimidou. "O eu-alguém e meu outro-alguém nem precisamos pensar, basta sentir. O que somos foi feito pra sentir. O que sinto pelo meu outro-alguém só ele sabe, nem eu sei, porque só o que sei é o que ele sente por mim!"... O silêncio reinou por míseros segundos antes de Marcos retomar o fôlego. "Está sem o final!", falou, numa voz engasgada, juntando-se ao "clube-do-choro". "Não está, não. Nunca esteve!". Pedro tira um papel amassado do bolso. Ana não estava escrevendo uma carta quando Marcos a encontrou. Ela já havia escrito. Mas só teve coragem de dar ao amado o último pedaço. "Mas e se eu não valesse a pena, nunca? E se ninguém soubesse me explicar pra que eu sirvo? E se todo esse meu Amor eu jamais pudesse dividir? ... E se não houver nunca quem eu vá fazer e cuidar? ... E se você não vier me salvar???". O vôo de Pedro é anunciado. Ele guarda o papel no bolso, pega a mochila e caminha em direção ao portão sem olhar pra trás. "Então vá, meu jovem. Vá salvar o seu amor. Vá fazer com ela um alguém para cuidarem. General Marcos Santos, superior dos seus superiores, te dispensa dessa missão!". Atônito, Pedro não acreditava que aquilo fosse verdade. Marcos precisou enxotá-lo de lá aos gritos. O rapaz correu o mais rápido que pôde. Sabia bem onde sua amada estaria: no ponto de ônibus, deixando vários deles passarem até criar coragem para se levantar e seguir com a vida. Foi aí que ele teve uma idéia. Correu para o ponto anterior, entrou no ônibus, e fez sinal para descer onde ela estava. Ana se levantava para seguir a pé quando viu Pedro descer segurando o pedaço de carta. Suas pernas congelaram, bem como as lágrimas de tristeza. "Soldado Pedro, em missão especial: salvar o seu-alguém, fazer com ele um mais-alguém, e cuidar dos dois!!!". Um beijo assinou aquele tratado e os aplausos dos presentes selaram aquela união...
Fim???
Não!
Recomeço!!!
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Ana, amiga de longas datas, me confessou o desejo de ver aqui no meu blog uma exaltação ao Amor neste dia dos namorado. "Pediu pra pessoa errada", brinquei com ela. Mas nunca se nega nada a um amigo. Ana e Pedro são os nomes verdadeiros desse lindo casal, mas é só. Pedro nunca quase-foi pra guerra, apenas enfrentou uma pra conquistá-la, o que me inspirou!!! E Ana e Pedro também são muito românticos, o combustível mais que necessário pra que eu fosse apta a lhes render essa homenagem, que agora se estende a todos os casais apaixonados que aqui passarem; e é dedicada especialmente à minha irmã, ELISA, e meu cunhado, RICARDO, que se casam hoje...
Feliz dia do AMOR!
E obrigada pela audiência (rs)
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