quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PIETRO, O ELEVADOR E O AMOR...

Crônica da rotina de um Amor real

2/1/14. Após uma "vesperançosa" sensação de felicidade, e uma confortável noite de sono, nem o fato de ter de trabalhar tão cedo tirou meu humor (já que há muito fiz um acordo comigo mesma de não reclamar dos privilégios dos quais gozo na vida, e ter um trabalho que me sustente é o maior deles). A falta, muito comum, do ônibus que pego também não foi capaz de mudar meu estado de espírito, e como nada é mesmo por acaso, foi justamente a falta deste transporte coletivo que me fez ver a cena mais legal do dia, protagonizada por Pietro, um garotinho lindo de 4 anos. 

Quando ainda estava na parada, chega um casal jovem com dois filhos pequenos, e algumas mochilas; aparentando estarem indo viajar. A mãe perguntou a mim e a uma senhora se o ônibus dela já havia passado, e como já havia, ela se dirigiu com a família para o metrô. Eu e a senhora fomos no vácuo, pois, àquela altura, o nosso também havia nos deixado na mão. 

Na entrada da estação, o casal foi se despedir, pois ele, munido de um violão, seguiria para outro lado. Na hora do beijo, a linda cena. Pietro, enciumado, deu um tapinha no pai e disse "Ei, sai, "isso" é o meu "amô"!", e se agarrou à perna da mãe. O casal nem reparou nele, em sua expressão linda misturando ternura com a raiva provocada pelo ciúme, e pouco pareceu valorizar o gesto, mas eu reparei e fiquei encantada. Descemos, esperamos o trem chegar, e entramos no vagão. Quando o metrô partiu, Pietro quebrou o silêncio com um "tchau, papaaai!", acompanhado do aceno. O pai já estava para trás há muito, nada viu ou ouviu daquilo, mas com certeza sentiu a energia. Não resisti e tirei uma foto dele escondido, e depois lhe joguei um beijo e sorri. Mesmo não me conhecendo, ele sorriu de volta. Inocência e Amor são mesmo um par perfeito.

E quando ainda trazia Pietro na memória, com sua demonstração de Amor, chego ao trabalho e vejo mais pegadas deste nobre sentimento no elevador. Corações de papel espalhados no chão. Estranhei o local, mas deduzi que provavelmente haviam caído da bolsa de alguma pessoa que, como eu, chegava ao trabalho depois de um reveillón marcante, com beijos, abraços, espumantes, e chuvas de prata e de corações. Ela provavelmente guardou o Amor na bolsa, e não porque achasse que, se não fosse assim, ele se perderia. Guardou conscientemente como uma "lembrança" do momento; e instintiva e inconscientemente, para dar a ele a chance de continuar a se espalhar...

Hoje foi dia de ver o Amor às claras, em suas mais variadas e singelas formas. E como não poderia deixar de ser, estou aqui ajudando a espalhá-lo. Eu sempre digo que as histórias que invento são geralmente mais bonitas e interessantes que as que vivencio, mas hoje foi o contrário. Se bem que tenho de reconhecer que todas as histórias que invento são sempre inspiradas em histórias reais. E nada mais real, e lindo, e inspirador que o Amor.

Sigamos o exemplo de Pietro, e amemos muito mais em 2014, e em 2015, 2016, 2056, 2099...

2 comentários:

  1. Como vc sabia que o nome do pirralho era Pietro??? A mãe falou??!!

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    1. A mãe falou o nome dele quando o chamou à atenção por ele estar subindo onde não devia. Coisa de criança!

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