"DESISTIR DA VIDA"
É com dor no coração que faço essa crítica. Sou verdadeiramente fã de Manoel Carlos e seus folhetins, mas dessa vez não sei o que houve, mas meu querido Maneco errou na mão. 'Viver a Vida' parece que ainda não disse a que veio, mesmo com o prometido acidente/enredo base da história já presente. Todas as novelas dele superam expectativas. Seus anúncios antes da estréia já causam alvoroço. E os primeiros capítulo, então?! São de causar "frisson". Em 'Viver a Vida', a primeira Helena negra e de 30 anos já prometia. Seria um "a mais" para levantar a história, pois as quarentonas de classe média alta anteriores já estavam mesmo meio batidas. Mas a Helena de Taís Araújo esta mais para uma coadjuvante do que para protagonista, heroína. Pensei que se eu, que como atriz e escritora há anos sonho em trabalhar com esse titã da teledramaturgia, não estava nada empolgada com a novela, o que estariam pensando os reles mortais?! O pior! O público pede a morte de Helena - justo dela - e o Ministério Público começa a ameaçar tirar do ar a atriz mirim Klara Castanho, a Rafaela, filha da personagem Dora, vivida por Giovanna Antonelli. Isso porque a criança está descrita e planejada para ser perversa e levará a mãe na aba de suas tramóias - mas, vamos combinar que a mãe também está longe de ser um bom exemplo para a menina. E o MP não aceita ver uma criança de má índole sendo mostrada em horário nobre como exemplo (embora eu pense que sejam poucas as crianças dessa idade que de fato estarão assistindo a novela e se influenciando, mas a queixa é válida). Até agora, todos os diálogos apresentados são fracos, sem metade da profundidade a qual estamos acostumados a receber do autor. Cenas longas que, ao espremer, não sai nada. Um exagero de paisagens - ainda que sejam paisagens exuberantes - que chegam a levar quase uma musica inteira. Isso é novela ou uma seção de clipes da MTV? As personagens de Alinne Moraes e Bárbara Paz são ao mesmo tempo que o ponto alto da trama, o mais irritante. Suas personagens beiram o insuportável (mérito para as atrizes e suas atuações estrelares). Além disso, outras grandes estrelas estão desperdiçadas em papéis rasos, como Lília Cabral e Natália do Valle. Pelo menos Matheus Solano, que interpreta os gêmeos, aparece como a tábua de salvação da novela. A atuação do ator é tão exemplar que os gêmeos chegam a parecer fisicamente diferentes. Mas sua escalação para o papel, infelizmente, não foi uma regra, mas a exceção. Daniele Suzuki e Max Fercondini nem cara de adulto têm, quanto mais de médico. Não convencem de jeito nenhum. Chega beirar o ridículo, o canastrão mesmo. Nenhum dos núcleos mostra estar perto de se aprofundar, quando já não é sem tempo de estarem mais que definidos. Helena, por exemplo, não mostra nenhum de seus lados com mais ênfase. A personagem de Camila Morgado, a jornalista de economia, do primeiro capitulo que apareceu até o anterior ao seu desaparecimento súbito, era um tapa buraco dos mais clichês. Essa coisa do "também morro de tesão por você, então vamos transar feito coelhos debaixo do nariz da sua mulher sem que ela nem desconfie" já deu o que tinha que dar. Esse tipo de infidelidade já não "a trai" mais. Tudo é bastante superficial por todos os lados, principalmente no meio dos protagonistas. A impressão que dá é que alguém resolveu fazer um reality show da vida de algumas famílias, filmando suas rotinas, mostrando suas visões de mundo e opiniões, mas escolheram as famílias mais "sem sal" do planeta. A novela dá sono, cansa, enrola como se estivesse já no final. Foram quase 15 capítulos na viagem até o acidente enfim acontecer. Ou seja, há pelo menos meio mês que vemos, incessantemente, Helena se debulhando em lágrimas - com o ápice no capítulo de 16/nov, quando ela se ajoelhou diante de Thereza pedindo perdão, e levando uma bofetada. Sei que uma novela de Manoel Carlos não sairá do ar antes do previsto por estar com IBOPE bem mais baixo que o normal, mas é bom que sofra rapidamente uma mudança de, no mínimo, 180 graus, para ao menos se parecer com uma obra Manequinesca. Por hora, penso apenas que se a Helena fosse na verdade a Luciana, a coisa faria mais sentido...
É com dor no coração que faço essa crítica. Sou verdadeiramente fã de Manoel Carlos e seus folhetins, mas dessa vez não sei o que houve, mas meu querido Maneco errou na mão. 'Viver a Vida' parece que ainda não disse a que veio, mesmo com o prometido acidente/enredo base da história já presente. Todas as novelas dele superam expectativas. Seus anúncios antes da estréia já causam alvoroço. E os primeiros capítulo, então?! São de causar "frisson". Em 'Viver a Vida', a primeira Helena negra e de 30 anos já prometia. Seria um "a mais" para levantar a história, pois as quarentonas de classe média alta anteriores já estavam mesmo meio batidas. Mas a Helena de Taís Araújo esta mais para uma coadjuvante do que para protagonista, heroína. Pensei que se eu, que como atriz e escritora há anos sonho em trabalhar com esse titã da teledramaturgia, não estava nada empolgada com a novela, o que estariam pensando os reles mortais?! O pior! O público pede a morte de Helena - justo dela - e o Ministério Público começa a ameaçar tirar do ar a atriz mirim Klara Castanho, a Rafaela, filha da personagem Dora, vivida por Giovanna Antonelli. Isso porque a criança está descrita e planejada para ser perversa e levará a mãe na aba de suas tramóias - mas, vamos combinar que a mãe também está longe de ser um bom exemplo para a menina. E o MP não aceita ver uma criança de má índole sendo mostrada em horário nobre como exemplo (embora eu pense que sejam poucas as crianças dessa idade que de fato estarão assistindo a novela e se influenciando, mas a queixa é válida). Até agora, todos os diálogos apresentados são fracos, sem metade da profundidade a qual estamos acostumados a receber do autor. Cenas longas que, ao espremer, não sai nada. Um exagero de paisagens - ainda que sejam paisagens exuberantes - que chegam a levar quase uma musica inteira. Isso é novela ou uma seção de clipes da MTV? As personagens de Alinne Moraes e Bárbara Paz são ao mesmo tempo que o ponto alto da trama, o mais irritante. Suas personagens beiram o insuportável (mérito para as atrizes e suas atuações estrelares). Além disso, outras grandes estrelas estão desperdiçadas em papéis rasos, como Lília Cabral e Natália do Valle. Pelo menos Matheus Solano, que interpreta os gêmeos, aparece como a tábua de salvação da novela. A atuação do ator é tão exemplar que os gêmeos chegam a parecer fisicamente diferentes. Mas sua escalação para o papel, infelizmente, não foi uma regra, mas a exceção. Daniele Suzuki e Max Fercondini nem cara de adulto têm, quanto mais de médico. Não convencem de jeito nenhum. Chega beirar o ridículo, o canastrão mesmo. Nenhum dos núcleos mostra estar perto de se aprofundar, quando já não é sem tempo de estarem mais que definidos. Helena, por exemplo, não mostra nenhum de seus lados com mais ênfase. A personagem de Camila Morgado, a jornalista de economia, do primeiro capitulo que apareceu até o anterior ao seu desaparecimento súbito, era um tapa buraco dos mais clichês. Essa coisa do "também morro de tesão por você, então vamos transar feito coelhos debaixo do nariz da sua mulher sem que ela nem desconfie" já deu o que tinha que dar. Esse tipo de infidelidade já não "a trai" mais. Tudo é bastante superficial por todos os lados, principalmente no meio dos protagonistas. A impressão que dá é que alguém resolveu fazer um reality show da vida de algumas famílias, filmando suas rotinas, mostrando suas visões de mundo e opiniões, mas escolheram as famílias mais "sem sal" do planeta. A novela dá sono, cansa, enrola como se estivesse já no final. Foram quase 15 capítulos na viagem até o acidente enfim acontecer. Ou seja, há pelo menos meio mês que vemos, incessantemente, Helena se debulhando em lágrimas - com o ápice no capítulo de 16/nov, quando ela se ajoelhou diante de Thereza pedindo perdão, e levando uma bofetada. Sei que uma novela de Manoel Carlos não sairá do ar antes do previsto por estar com IBOPE bem mais baixo que o normal, mas é bom que sofra rapidamente uma mudança de, no mínimo, 180 graus, para ao menos se parecer com uma obra Manequinesca. Por hora, penso apenas que se a Helena fosse na verdade a Luciana, a coisa faria mais sentido...