domingo, 20 de setembro de 2020

~Uma "QUERÊNCIA-do-Ser"~
(C.T.G - Coração Totalmente Gaúcho)


Poeta: Filha do Cosmos, Cidadã dos Mundos, Viajante das Transcendências... Poeta só faz Pátria um rincão se assim for de sua "Querência"! 


Navegante de Rio, que sonha saber onde vai chegar; foi quando enfim navegou no Rio Grande, que Poeta conheceu o próprio Mar... 

Torrão, Pago, Nação: se deste Rio não conhece a Nascente, Poeta aprendeu a ser seu Vivente fazendo Verdade uma Ilusão! De um canto sempre alegre, mas que hoje bem sabe onde pertence, canta então um Canto Alegretense, mesmo em inverno rigoroso, num canto aquecido por um povo amoroso, que quando peleia, vence!


Poeta de Sino, de Serra e Banhadal, de Missões, de Guaíba e Litoral. Poeta de Virtude e Tradição, que é a tradução até do que não se vê... 

Poeta de Galocha ou Bota no pé, que bota fé na bagualada, e atravessa as invernadas até onde lhe couber. Poeta que vai, sem eira nem beira, sem pedágio nem fronteira, seguindo o bom presságio da Mãe de Caravaggio em seu caminho de devoção. 

Poeta de Farrapos, de Parar Rodeio, de Alma na capa da gaita, que brota no fundo da grota um baita Rio de Emoção. 


Poeta que se aprochega e não fresqueia, mas às vezes loqueia. Poeta de Garfo e Bombacha, em Terra de Chima & Chimia, de Churras & Cacetinho, de Bergamota & Negrinho, de Piá de Pilcha com Cueca Virada e bolsos cheios de Butiá, de égua-madrinha a galopar ao sol pra lagartear, de Cusco comendo feijão mexido em rancho de chão batido e empoeirado, achando tudo Tri massa (que fica melhor com guizado).
 

Sou Poeta-Prenda faceira. Poeta-Guria de Campanha. Que sirva de modelo essa façanha a todas as minhas Eras... Pois a cada Vida que vier, se aqui eu não nascer, para cá hei de volver em mais uma Consumada Quimera!

sábado, 12 de setembro de 2020

~CORAGEM REGRESSIVA~



Mães contam o Tempo ao contrário, esperando pra nos embrulhar num pano; e nos contam que é preciso Coragem pra nascer - e pra fazer nascer o infante (mesmo que poucos de nós se lembre disso, ainda que por um pequeno instante). 

Segundos correm no Anti-horário atrás de alcançar aquele Virar-de-Ano; e nos contam que é preciso Coragem pra seguir adiante (e sabem que poucos cumprem isso, seja perto ou distante). 

É uma sensação relapsa de que tudo regride, um fuso confuso que em si colide e colapsa a mente, afinal, é bem estranho contar pra trás olhando pra frente... 

Mas se o Tempo quer regressar, então, que seja pra evoluir, e re-acessar a velha Coragem do Nascer e do Seguir. Arrume a bagagem, escancare a portinhola; e não esqueça daquela camisola que a gente veste pra Sonhar - aquela com textura de Ousadia, feita com aquele mesmo pano que aquele dia a mãe te embrulhou; e que já era um pedaço do pano que ela vestia naquela Virada-de-Ano em que te chamou, e te tirou do breu. "Simpatia forte. Era pra dar sorte!", ela dizia! E deu...

Se o Tempo quer regressar, então aproveita a viagem, e principalmente a Paisagem; esqueça o furacão! Porque Coragem é a solução encontrada por quem tem medo de voar nas alturas e também de se ancorar no chão. Coragem é essa ave que ao vento tudo atura, essa ventura de verdade, que, em voo solo, quem fica no solo chama de Solidão, mas quem está na grade sabe que se chama Liberdade. 

Se o Tempo quer regressar, então recorde a puberdade e toda a sua rebeldia permissiva. Porque toda Coragem sabe que a cor dos que agem com ela é gritante ante a cova que tanto ardia de tanta covardia antes enterrada ali. Coragem sabe que por tantos é vista como agressiva, pois só é julgada por si... Se me julgas pela que lhe falta, me vês como uma peralta louca; mas se me julgas pela que lhe sobra, me vês como uma obra feito poucas. 

Se o Tempo quer regressar, então peça Perdão. Porque Coragem é "coratium" em Latim, que é "pôr o coração em ação", numa missão sem fim. Resgate, então, aquela Coragem remissiva, aquela missão que se renova - uma re-missão que vai e volta, sempre de forma expressiva. Porque Coragem é uma contagem às vezes subversiva, de curta ou longa metragem, escrita em letras garrafais ou cursiva; que quando é Passado, é um "olhar pra trás", uma barragem passiva; mas quando é Futuro, é um “olhar que traz”, uma miragem ativa até no escuro!

Massiva, extensiva, ofensiva, alusiva, inconclusiva ou na defensiva... Coragem até pode ser regressiva, mas jamais será excessiva!!!