CHICO - Suprassumo Brasileiro
Nós Poetas somos atemporais. Aliás, não só não temos idade, como não temos sexo, não temos gênero, nem muito menos algemas, só asas. Prova disso é que Chico Buarque representa a minha infância, adolescência e juventude, sua inspiração assina a co-autoria de cada poema de Amor que escrevi, e isso sem eu estar perto de ser sua contemporânea. 34 anos afastam nosso nascimentos, mas seus 50 anos de carreira cabem em qualquer fatia de Tempo da Vida de qualquer um.
Segundo minha mãe, eu nasci com "os olhos do Chico". Foi o que ela afirmou tão logo me viu, fazendo brotar em meu pai um certo "pedido de explicação". Nasci com seus olhos, e fui recebendo todo o resto pelos ouvidos até que, enfim, adotei sua mesma mania de brincar com as Palavras e os Papéis (num outro nível de competência e dimensão, obviamente). Mas não daria mesmo pra ser diferente: era Os Saltimbancos na hora da papinha, era um passeio pra ver A Banda passar, era um brincar diário de Quem te viu, quem te vê na frente do espelho, e ainda ver minha irmã mais velha crescendo ao som de Essa Moça Tá Diferente. Era sair com toda a família a distribuir cobertores e sopas àquela Gente humilde, era uma Valsinha divertida com o papai pra matar a saudade quando ele chegava do trabalho, e um Acalanto garantido na hora de dormir... Assim se deu a Construção da Poeta que sou hoje! Melhor dizendo, ainda se dá. É um Cordão Cotidiano que nunca haverá de se romper. Uma Tatuagem que me dá coragem pra seguir viagem de dia e de noite, neste ano e no que vem.
